Um estudo realizado por pesquisadores da área médica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) revelou que as internações por covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do estado favoreceram o aumento de 56% na incidência de bactérias multirresistentes nos pacientes. Embora o estudo tenha sido feito no Paraná, a pesquisa indica que a tendência é que isso esteja ocorrendo em todo o Brasil.
A maioria das infecções são pela bactéria Acinetobacter baumannii, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das mais perigosas. A pesquisa, que será publicada em fevereiro na versão impressa do Journal of Hospital Infection, conta com informações de 11.248 infecções bacterianas coletadas em 99 hospitais paranaenses no ano de 2020.
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As infecções ocorreram principalmente por meio de equipamentos hospitalares, como sondas, cateteres e ventiladores mecânicos utilizados durante a fase mais aguda da pandemia.
Sesa está monitorando
A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para entender como o estado está monitorando e que tipo de alerta deve ser dado aos paranaenses.
Segundo a Sesa, “a Acinetobacter baumannii não é uma bactéria nova no ambiente hospitalar. Ele pode ser resistente a uma classe ou a vários antimicrobianos. É considerada uma bactéria oportunista.”
A assessoria de comunicação da Sesa informou ainda que o monitoramento vem ocorrendo, mas que não é motivo de alerta epidemiológico por ser considerada uma bactéria que de tempos em tempos encontra novas maneiras de evitar os efeitos dos antimicrobianos usados para tratar as infecções.
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No entanto, a prevenção deve acontecer dentro dos hospitais e unidades de saúde. “Os maiores cuidados devem acontecer por parte dos profissionais da saúde ao efetivarem todos os protocolos necessários para controle de infecção, incluindo higiene das mãos (05 momentos), limpeza de superfícies e ambientes rigorosa (por exemplo, limpeza de quartos de pacientes e equipamentos compartilhados), uso de precauções padrão (e de contato, quando necessário), para redução do risco de disseminação desta bactéria entre os pacientes, e uso racional dos antimicrobianos”, explica a Sesa, em nota.
Vacinação para evitar as superbactérias
A pesquisa associou também o aumento da superbactéria à prescrição de polimixinas, o antibiótico mais usado para combater a Acinetobacter baumannii.
De acordo com o Review on Antimicrobial Resistance (Revisão Sobre Resistência Antimicrobiana), ligado ao Departamento de Saúde do Reino Unido, 700 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de superbactérias resistentes a antibióticos.
O infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo, Marcelo Ducroqrt, diz que a vacinação contra a covid-19, neste momento, é a principal medida para evitar a proliferação das bactérias.
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“Os casos de internações, quando não havia vacina, levavam os pacientes a ficarem mais de um mês internado, o que aumenta ainda mais a chance de se contaminarem também com estas bactérias”, afirma.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini