Agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) pediram nesta quarta-feira (2) esclarecimentos das autoridades brasileiras sobre a morte violenta do refugiado congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, que foi espancado no Rio de Janeiro.
O pedido partiu do escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para Migrações (OIM), que destacaram terem recebido com consternação a notícia da morte do refugiado da República Democrática do Congo.
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As duas agências da ONU, em conjunto a organização não governamental Pares Cáritas do Rio de Janeiro, pediram que o crime seja esclarecido e acrescentaram que acompanham o caso.
A Anistia Internacional Brasil publicou uma mensagem destacando que Moïse e sua família deixaram o Congo "na esperança de viver uma vida digna e com mais oportunidades no Brasil". Sonho que foi covardemente interrompido pelo racismo e pela xenofobia. Seu assassinato não pode ficar impune! #JusticaPorMoise."
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Moise Kabamgale e sua família deixaram o Congo na esperança de viver uma vida digna e com mais oportunidades no Brasil. Sonho que foi covardemente interrompido pelo racismo e pela xenofobia. Seu assassinato não pode ficar impune! #JusticaPorMoise https://t.co/sAvouP5oUS
— Anistia Internacional Brasil 🕯 (@anistiabrasil) January 31, 2022
A Justiça do Rio decretou as prisões temporárias de três suspeitos de terem espancado até à morte o congolês. Eles foram detidos e deverão responder por homicídio duplamente qualificado (impossibilidade de defesa e uso de meio cruel).
Morte bárbara
Segundo relatos de familiares da vítima, o crime aconteceu na noite de 24 de janeiro. Moïse, que vivia no Brasil desde 2011 na condição de refugiado, foi ao quiosque Tropicália, localizado na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, e acabou sendo espancado até a morte no local. O corpo dele foi encontrado amarrado.
Segundo os familiares, Moïse foi ao quiosque para cobrar duas diárias atrasadas por serviços prestados ao estabelecimento, onde ele costumava trabalhar como atendente. O dono do quiosque nega que houvesse pagamentos atrasados e também disse à polícia não conhecer os agressores. O dono declarou que não estava no quiosque no momento do crime e que apenas uma funcionário estava no local. A polícia ainda investiga as causas do assassinato.
Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) indicou que a causa da morte do jovem congolês foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente.
Imagens divulgadas pela imprensa brasileira mostram um grupo de agressores dando murros, pontapés e até golpes com um pedaço de madeira no congolês na noite do crime. Momentos depois, com a vítima já desmaiada no chão, os mesmos homens tentam, com a ajuda de outras pessoas, reanimá-la.
As imagens também mostram que os agressores chegaram a amarrar as mãos e os pés de Moïse, já deitado no chão, após as agressões.