A Anistia Internacional se juntou ao grupo de organizações de direitos humanos palestinas e estrangeiras que considera as práticas de Israel na Palestina equivalentes a um apartheid em relatório publicado nesta terça-feira (1). Outras organizações como o Centro Al Mezan Para os Direitos Humanos, Al-Haq, B'Tselem e Human Rights Watch já emitiram declarações nesse sentido no passado.
No relatório "O apartheid de Israel contra os Palestinos", a Anistia Internacional destaca que sua investigação "mostra que Israel impõe um sistema de opressão e dominação contra palestinos em todas as áreas sob seu controle: em Israel e nos territórios ocupados, e contra refugiados palestinos, a fim de beneficiar os judeus israelenses. Isso equivale ao proibido apartheid no direito internacional".
Ainda de acordo com a organização, as autoridades israelenses utilizam leis, políticas públicas e práticas para manter um "sistema cruel de controle". O resultado é que essa população agora está "fragmentada geograficamente e politicamente".
"Os palestinos que enfrentam a brutalidade da repressão de Israel vêm pedindo que se entenda o governo de Israel como apartheid há mais de duas décadas. Com o tempo, um reconhecimento internacional mais amplo do tratamento de Israel aos palestinos como apartheid começou a tomar forma", diz a Anistia Internacional.
Autor do livro "Hamas Contido: a ascensão e pacificação da resistência palestina", em tradução livre, o pesquisador Tareq Baconi destaca em suas redes sociais que os palestinos defendem que as práticas de Israel são equivalentes a um apartheid como o existente na África do Sul "há décadas".
"Esses relatórios estão focados no apartheid israelense – as analogias com outros regimes de apartheid, especificamente a África do Sul, são apenas isso: analogias. O apartheid israelense precisa ser entendido em seus próprios termos, com suas próprias características", diz Baconi. "Israel está expandindo sua repressão a indivíduos e organizações palestinas na vanguarda dessa luta. A designação de ONGs palestinas como organizações terroristas visa desmantelar a plataforma a partir da qual a luta anti-apartheid está sendo lançada."
As autoridades israelenses atacaram o documento da Anistia Internacional. A Embaixada de Israel no Reino Unido afirmou que a publicação faz uma "deturpação vergonhosa da sociedade diversificada e dinâmica de Israel" e que a publicação é "antissemita".
"É uma triste verdade que se Israel não fosse um estado judeu, a Anistia não empregaria tais difamações cruéis contra nós", disse a embaixada britânica de Israel.
O ministro das relações exteriores de Israel, Yair Lapid, também criticou a ONG e reiterou a acusação de antissemitismo.
“A Anistia já foi uma organização estimada que todos nós respeitávamos. Hoje, é exatamente o contrário. Não é uma organização de direitos humanos, mas apenas outra organização radical que ecoa propaganda sem uma pesquisa séria. Em vez de buscar fatos, a Anistia cita mentiras espalhadas por organizações terroristas. Cinco minutos de checagem séria de fatos foram suficientes para saber que os fatos que apareceram no relatório publicado esta semana são uma ilusão divorciada da realidade. Israel não é perfeito, mas é uma democracia comprometida com o direito internacional e aberta ao escrutínio, com uma imprensa livre e uma Suprema Corte forte", disse o chanceler em comunicado.
Edição: Arturo Hartmann