A relação de afeto e resistência das meninas e mulheres negras com o cabelo é o tema do programa Papo na Laje desta quinta-feira (27). As convidadas são as duas trancistas da zona Norte do Rio de Janeiro, Gleice Renascimento, de Cordovil, e Milena Francisco, do Morro do Borel.
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No bate-papo descontraído com a apresentadora Juliana França, as jovens explicam que a trança é uma opção para quem gosta de praticidade sem abrir mão do estilo na correria do cotidiano. Na experiência da estudante Milena, o penteado fez parte de um processo de descobrimento que muitas jovens negras se identificam.
“Quando estou de trança sinto falta do meu cabelo e quando tiro a trança, sinto falta da trança. Gosto pela praticidade, mas nem sempre foi assim. Comecei a usar antes da transição [capilar], naquele processo de me descobrir negra. Fui conhecendo meu cabelo, me apaixonando pelo meu black”, conta.
A transição dos procedimentos químicos de alisamento para o cabelo natural também foi um dos assuntos no episódio. Para Gleice, que trabalha profissionalmente com tranças há cinco anos, a autoestima das crianças deve ser cultivada pela família desde cedo.
“As bonecas influenciam muito, peço para todas as minhas clientes comprarem bonecas pretas para suas filhas. Se a gente aprende só que o cabelo liso e loiro é bonito, como a gente vai se olhar no espelho e achar que aquilo ali é legal?”, questiona a jovem.
“A trança foi o pontapé para conseguir ir atrás de resgatar as minhas referências. Me fez ir a fundo em muitas coisas, sobre questões religiosas até”, completa Gleice.
O Papo na Laje é um programa sobre experiências de protagonismo da juventude das favelas e periferias do Rio de Janeiro. Toda quinta-feira um episódio inédito vai ao ar, às 18h, no YouTube e na TV Comunitária do Rio de Janeiro, com transmissão no canal 6 da NET.
Assista no YouTube, às 18h:
Edição: Mariana Pitasse