O Centro Temporário de Acolhimento (CTA) da Brigadeiro Galvão, equipamento da prefeitura de São Paulo localizado na Barra Funda, é denunciado por infestação de percevejos e muquiranas.
Em fotografias divulgadas nas redes sociais o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, mostra feridas nas peles de pessoas que, atendidas no centro, foram atacadas pelos insetos.
“Alguns rejeitam a acolhida por ficarem assim”, alerta Lancellotti, ao descrever que as pessoas atendidas estão sendo “muito atingidas e atacadas” e que o problema não é pontual. De acordo com o padre Julio, apesar de já haverem sido feitas dedetizações, o problema persiste e é estrutural. “Isso está sendo muito comum na rede municipal”, afirma.
“Está acontecendo no CTA da Água Rasa, no Zaki Narchi, são vários os locais onde isso está acontecendo”, exemplifica.
Os Centros Temporários de Acolhimento (CTAs) foram criados em 2017 e são serviços destinados principalmente a pessoas em situação de rua, com o objetivo de que ali possam ter acesso à cama e alimentação.
Para o padre Julio Lancellotti, no entanto, a recorrência de pragas de percevejos é apenas uma demonstração de que “esse modelo de atendimento é um modelo doente”.
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Ao Brasil de Fato, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMADS) informou que o CTA Brigadeiro Galvão passou por dedetização em 29 de dezembro e que, de acordo com a Organização da Sociedade Civil (OSC) Associação Cultural Nossa Senhora das Graças, que administra o equipamento, esse procedimento é feito trimestralmente.
A Secretaria afirma ter solicitado o envio de equipe da Unidade de Vigilância em Saúde ao local para "averiguar a atual condição sanitária do equipamento" e determinado que a OSC busque identificar o usuário do serviço cuja foto aparece nessa reportagem, para que "ele possa ter atendimento médico".
Questionado sobre a demanda apresentada à prefeitura, que está sob gestão de Ricardo Nunes (MDB), Lancellotti conta que “eles sempre nos respondem que vai ter uma mudança, que é preciso ter paciência. Só que o povo não aguenta mais esperar”.
Não é a primeira vez
O vereador Eduardo Suplicy (PT) engrossou a denúncia, que caracterizou como “grave”. Suplicy lembrou que, no segundo semestre de 2019, quando presidia a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de São Paulo, visitou esses equipamentos e encaminhou um relatório ao governo paulistano pedindo que medidas de melhorias fossem tomadas.
“Infelizmente não obtivemos resposta e, pelo visto, nenhuma providência foi tomada”, expôs Suplicy.
Em março de 2019 a Coordenaria de Vigilância em Saúde (Covisa) chegou a interditar cozinha e leitos do CTA Brigadeiro Galvão por más condições de higiene. Na ocasião foi constatado que um cano estava estourado, que faltavam botas para os funcionários e que em 89 dos leitos havia percevejos.
Edição: Vivian Virissimo