Pernambuco

REFINARIA

"A gente não tem como respirar”: População sofre com gases emitidos por refinaria em Pernambuco

Refinaria Abreu e Lima, no litoral do estado, emite sem filtragem gases como amônia, benzeno e dióxido de carbono

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Em nota, a Petrobrás informou que está sendo feita a licitação para a construção da Unidade de Abatimento - Petrobrás

“A gente não consegue abrir a porta, não consegue dormir, são três ventiladores ligados, a gente coloca um na janela para ver se consegue impedir do ar entrar pela janela, porque a situação é gravíssima. A gente não tem como respirar”, é assim que o professor Marcelo “Gaivota”, morador do bairro Vila Califórnia, em Ipojuca, e cerca de 3.000 moradores do município se sentem desde a instalação da Refinaria Abreu e Lima, no Porto de Suape, há 7 anos: sem ar. 

Além de conviverem com um odor intenso, também sofrem com problemas de saúde os moradores denunciam que estão sufocados por gases como Sulfeto de Hidrogênio, o Dióxido de Carbono, o Monóxido de Carbono, a Amônia e o Benzeno. O contato com essas substâncias tem sido relacionado à alguns problemas de saúde que tem surgido nos moradores.

Marcelo teve seu filho de 4 anos internado em uma unidade de tratamento intensivo mais de uma vez com um quadro grave de asma, o que é atribuído ao efeito dos gases. “Ele saiu daqui com uma situação de respiratório, uma falta de ar muito forte, foi gravíssima a situação dele. E a gente passou quase um mês no hospital lutando com ele, eu e a minha esposa indo e voltando”, lembra o morador.

Contudo, existe um equipamento que pode resolver o problema, é uma Unidade de Abatimento de Emissões (SNOx). Acontece que ela não foi finalizada até o momento. “Esse equipamento é fundamental, porque é um equipamento que se utiliza nas refinarias justamente para filtrar vários tipos de gases que são jogados na atmosfera e que afetam a saúde e a vida das pessoas e também o meio ambiente”, analisa o perito criminalista e morador da região, Dário Raúl Chivlo

Os moradores já ajuizaram uma Ação Cível que está em tramitação no Tribunal de Justiça de Ipojuca, que garantiu a construção de uma unidade de medição das emissões no local. Além disso, se preparam para ajuizar uma ação criminal por crime ambiental. “Estamos dentro do apartamento e aqui dentro do apartamento está se tornando maior o odor. E é isso que provoca náuseas, desmaios, pessoas com insuficiência respiratória, estamos desenvolvendo outras doenças, outras patologias, que a refinaria diz que a gente não sente. Como é que a gente não sente se é isso que nós estamos questionando e reclamando?”, questiona a moradora e técnica ambiental Yara Marques, que é uma das moradoras que está à frente das ações.

A equipe do Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com a Petrobrás, que respondeu os questionamentos através de nota. Confira a resposta da empresa sobre as denúncias na íntegra:

“A Petrobras monitora a qualidade do ar da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) em tempo integral e, inclusive, instalou dentro do condomínio Vila Estaleiros uma estação de monitoramento ambiental. As análises demonstram que a refinaria opera dentro dos padrões ambientais estabelecidos pela legislação nacional. A refinaria opera normalmente e não há registro de nenhuma intercorrência na operação da unidade que possa colocar em risco a saúde da comunidade do entorno.

A companhia reforça que as contratações para a conclusão das obras da unidade de abatimento de emissões (SNOx) estão em andamento. Este processo é realizado por meio de licitação, conforme prevê a Lei 13.303/2016.”

Edição: Vanessa Gonzaga