VENEZUELA

Opinião: Derrota do chavismo: "Um passo atrás para recuperar o impulso", declara Arreaza

O candidato da direita Sergio Garrido ganhou as eleições a governador do estado com 55,36% dos votos

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O ex vice-presidente Jorge Arreaza (PSUV) perdeu as eleições para Sergio Garrido (MUD). - MPPRE

"Companheiros, os objetivos não foram alcançados... por enquanto." Com as palavras pronunciadas por Hugo Chávez após o fracasso da rebelião cívico-militar de 4 de fevereiro de 1992, Jorge Arreaza, candidato a governador do estado de Barinas, anunciou a derrota nas eleições de 9 de janeiro, antes dos resultados finais. A votação teve que ser realizada novamente após serem detectadas irregularidades, em 21 de novembro, na candidatura apresentada então pela extrema direita. No entanto, apesar do esforço de toda a militância do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o conservadorismo voltou a vencer na segunda votação.

"Isto não é uma derrota, camaradas", disse Arreaza, aludindo a Lênin, "é um passo atrás para recuperar o impulso, para renovar a cada dia a relação entre nosso povo e nosso governo revolucionário". "Com este resultado", acrescentou, "nosso povo nos diz que não demos suficiente atenção às bases, que não trabalhamos o suficiente para seu bem-estar apesar do bloqueio imperialista que nos é imposto todos os dias, e que devemos ser mais revolucionários. Lutaremos até a exaustão para que nossa Pátria continue livre e redobraremos nossos esforços para recuperar, nas próximas eleições, os estados e municípios perdidos".

Com Barinas, a oposição agora governa em 4 dos 23 estados que compõem a República Bolivariana, além do Distrito Capital que, em 21 de novembro, elegeu a almirante chavista Carmen Meléndez como prefeita. Além de Cojedes, Nueva Esparta e Zulia, o estado mais populoso do país, entra para a lista Barinas. Uma área de grande importância simbólica, por ser o berço de Chávez, mas também central devido ao seu potencial agrícola e petrolífero e sua proximidade com a fronteira com a Colômbia, de onde saem as infiltrações paramilitares organizadas pelo governo de Iván Duque, o agente dos Estados Unidos na região.

E se, por um lado, este resultado eleitoral vem para confirmar novamente a transparência da democracia bolivariana, também deixa evidente que não será fácil segurar uma direita briguenta, mas bem financiada pelos Estados Unidos e decidida a promover o referendo revogatório neste ano contra o presidente Maduro. Além disso, o chavismo também sofreu as repercussões das mudanças táticas com as quais tenta se livrar do estrangulamento econômico, perseguido, com acaloradas polêmicas, por ex-aliados como o Partido Comunista da Venezuela.

No caso específico de Barinas, então, naquilo que Arreaza definiu como um afrouxamento da relação entre o povo e o governo revolucionário, também pesaram as diatribes internas do chavismo. Mas o que mais influenciou foi a impossibilidade de resolver muitos problemas concretos da população depois da queda drástica do PIB devido ao bloqueio econômico-financeiro imposto pelo imperialismo.

Certamente, a extrema direita venezuelana não poderá fazer melhor, já que não deve respostas ao povo, e sim a seus financiadores, e que sempre aproveitou o voto para organizar manobras ou golpes de Estado. Para comprovar isso, basta contar o que tem nos bolsos da quadrilha Guaidó, que foi confirmado por mais um ano como "presidente interino" por seus comparsas, dando mais uma prova de sua concepção de "democracia".

Para confirmar novamente seu papel (fictício) autoproclamado, foi feito um "parlamento" igualmente fictício, eleito em 2015 e expirado em 2020. Uma farsa, porém, novamente endossada pelos Estados Unidos e seus vassalos, que alimentam um bando de golpistas com investimentos estratosféricos: cerca de 2.000 pessoas, segundo denúncias internas, a maioria levando uma vida luxuosa no exterior como "autoexilados" e recebendo salários de funcionário, em dólares.

Até a ONG Transparência Internacional, certamente independente do governo bolivariano, emitiu uma declaração pública sobre os roubos realizados pela extrema direita venezuelana. Guaidó é uma marionete que mal mexe suas cordas, desativada por sua própria gangue, mas que continua a função de manter o roubo de ativos no exterior pertencentes ao povo venezuelano, como o ouro apreendido em bancos britânicos, e a gestão, em nome dos EUA, de grandes empresas como Citgo ou Monomeros.

Dinheiro que, é claro, não chegará aos bolsos da população de Barinas, que, em breve, viverá a experiência de ter gasto seu voto.