Rio de Janeiro

CARNAVAL CARIOCA

Carnaval com limitação de pessoas não garante segurança sanitária, diz pesquisador da Fiocruz

Decisão da Prefeitura do Rio de manter festas privadas gerou críticas sobre avanço da covid-19 e da gripe na cidade

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Carnaval Rio
Carnaval de rua foi cancelado, mas Prefeitura do Rio liberou bailes fechados - Fernando Maia/Riotur

A decisão da Prefeitura do Rio de cancelar o Carnaval de rua e permitir os bailes fechados na cidade levantou uma série de perguntas sobre a segurança sanitária dos eventos. Diferente dos cortejos ao ar livre que chegam a reunir milhares de pessoas, segundo o prefeito Eduardo Paes (PSD), nesses locais é possível controlar o acesso do público e exigir o passaporte vacinal.

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A liberação, no entanto, gerou críticas sobre a o caráter pouco popular dos bailes com cobrança de entrada para a festa tradicionalmente democrática. Nas redes sociais, o vereador Tarcísio Motta (Psol) alertou em sua conta no Twitter para o risco da medida "contribuir para um carnaval onde só quem paga o ingresso pode participar do baile".

Além de adiar a folia, o parlamentar defendeu o pagamento de um auxílio emergencial para os trabalhadores dos barracões e vendedores ambulantes do Carnaval. Os desfiles das escolas de samba da Sapucaí e da Estrada Intendente Magalhães devem ocorrer com restrições. 

"Assim o impacto do cancelamento sobre os trabalhadores e toda a cadeia produtiva do carnaval pode ser, ao menos, amenizado e a festa, com a melhoria dos indicadores sanitários, pode acontecer em sua diversidade e força", afirmou o parlamentar na rede social.

Carnaval agora não

Para o pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Marcelo Gomes, ainda que no papel as exigências sejam estabelecidas, não é o momento de promover festas, especialmente em locais fechados. Com o avanço da variante ômicron e casos de gripe, o Rio de Janeiro vive uma nova onda de infecções.

"O cenário epidemiológico atual sugere que o mais adequado, partindo do princípio da precaução, sob a ótica da saúde pública é de fato suspender as festas de carnaval, infelizmente. Como depende de fatores diversos que podem mudar ao longo desse período, é extremamente arriscado prever se até lá a situação epidemiológica estará suficientemente segura. É possível que esteja ainda em ascensão, inclusive", afirmou ao Brasil de Fato.

Ele explica que ambientes abertos tendem a ser mais seguros, se comparados a eventos de porte e duração equivalente em espaços fechados. "Porém, grandes aglomerações por longos períodos de tempo e sem cuidados mínimos, o simples fato de ser realizado em local aberto não o torno seguro", explica.

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O coordenador do InfoGripe, projeto que monitora casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no país, reforça que exigir a vacinação em dia ajuda a diminuir o risco, mas não exclui completamente a transmissão. Medidas de proteção individual e coletiva, como uso de máscara adequada, distanciamento social e ventilação do ambiente são camadas auxiliares de segurança tão importantes quanto a cobertura vacinal, porém mais difíceis de controlar.

"Mesmo limitando a lotação do espaço, haverá fiscalização para garantir distanciamento adequado? Mais: é razoável a realização do evento em questão com separação adequada dos participantes? Quem e como será realizada a fiscalização do status vacinal e, mais difícil ainda, do uso adequado de máscara durante toda a permanência de cada pessoa no recinto?", pontua Gomes.

Por fim, o pesquisador da Fiocruz chama atenção para a dimensão internacional do Carnaval carioca e a emergência global de variantes que podem ser introduzidas no país nesse período. "Não só a situação epidemiológica da capital e arredores deve ser levada em conta, mas também a situação dos demais locais de onde virão turistas".

Edição: Mariana Pitasse