O ritmo de crescimento da covid-19 no Brasil parou de desacelerar há quinze dias e a média móvel de novos casos mais que quadruplicou nesse período.
O avanço das mortes não acompanha a tendência e segue estável, o que pode ser explicado pela capilaridade da vacinação. Atualmente mais de 67% da população tem as duas doses do imunizante.
Mesmo os números diários de novos infectados ainda estão bem abaixo dos patamares observados nos momentos mais críticos do ano passado, quando o resultado superou 70 mil em 24 horas diversas vezes. Ainda assim, o sinal de alerta está ligado.
Calculada a partir dos números de casos dos últimos sete dias, a mediana estava em 3.101 no dia 22 de dezembro. Agora, em 5 de janeiro, superou 12,4 mil.
O total diário de casos teve um salto ainda mais surpreendente. Passou de 3.451 há duas semanas para mais de 27 mil agora, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Acompanhada de um surto de gripe de proporções nacionais, a alta da covid já pressiona redes hospitalares. Em Belo Horizonte (MG), a prefeitura informou na terça-feira (4), que os leitos de enfermaria para covid no Sistema Único de Saúde estavam com taxa de ocupação em 105%.
No Tocantins, o governo do estado divulgou que as UTIS estão lotadas em pelo menos três hospitais da capital Palmas.
O cenário se repete em outras regiões, mas não ocorre de maneira generalizada no país. A maior parte dos estados tem índices de ocupação de leitos de UTI abaixo de 60%.
Pontualmente, no entanto, municípios relatam crescimento intenso na busca por atendimento médico e alguns detalhes sinalizam que o cenário está relacionado às aglomerações do fim do ano e das férias.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, a ocupação estadual de leitos do SUS está em cerca de 46%. No entanto, municípios do litoral norte, que receberam muitos visitantes nas últimas semanas, já registram procura alta nas unidades de saúde.
Na Bahia, a lotação geral está em patamares semelhantes aos do RS, mas na capital Salvador, passa de 60%.
Segundo a plataforma Info Tracker iniciativa da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a propagação já está acelerada no Brasil há mais de 10 dias e deve seguir essa tendência nas próximas semanas.
Somente as regiões Sudeste e Norte ainda registravam desaceleração até o dia 2 de janeiro.
Os números atuais podem ser ainda mais significativos, já que diversos estados tiveram dificuldades em informar dados nas últimas semanas, por causa de instabilidades no sistema do Ministério da Saúde.
O problema pode resultar em subnotificação agora e consequente crescimento nos registros nos próximos dias, devido ao represamento.
Edição: Leandro Melito