CLIMA

Seca causa prejuízos no Rio Grande do Sul e coloca 113 municípios em situação de emergência

Enquanto as chuvas arrasam o Nordeste e o Sudeste, no RS o grande problema é a estiagem que destrói lavouras e pastagens

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
As perdas do milho já atingem 80% em algumas regiões e, em outras, as plantações estão totalmente perdidas - Foto: Arquivo MPA

Cento e treze municípios estão em situação de emergência devido à estiagem que castiga o Rio Grande do Sul. Enquanto estados como Bahia, Tocantins e Minas Gerais sofrem com tempestades e inundações, os agricultores gaúchos vivem um verão implacável.

Situação que se traduz no fato de 20% dos municípios do estado terem decretado emergência em dezembro, a maioria nos últimos dias do mês. Até o final da tarde de hoje (3), 105 prefeituras recorreram ao decreto de emergência e outras oito registraram o quadro no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres. 

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Setenta mil famílias

“Estimamos que 70 mil famílias de agricultores estejam sofrendo com a seca”, avalia Douglas Cenci, presidente da Federação dos Agricultores Familiares (Fetraf/RS). “São produtores especialmente do Centro e do Norte do estado, onde predomina a agricultura familiar”, comenta.

Cenci diz que a Federação pretende apresentar uma proposta de construção de cisternas, além de reivindicar recursos de R$ 3 mil por família para que o agricultor sem colheita e sem renda possa sobreviver, mais a liberação de crédito de R$ 15 mil como capital de giro para ser empregado na compra de ração para os animais e, onde for possível, fazer o replantio. São alguns dos pontos da pauta ainda em elaboração pela Fetraf/RS a ser encaminhada aos governos estadual e federal.

Milho, soja, cítricos e pastagens

Lavouras como as de milho e soja estão prejudicadas, o mesmo acontece com o cultivo de frutas e as pastagens. Segundo o levantamento da Emater/RS-Ascar, as perdas do milho já atingem 80% em algumas regiões e, em outras, as plantações estão totalmente perdidas, cabendo aos agricultores transformar a palha em forragem para o gado. Até agora, a área colhida foi de 7%. Devido à estiagem, houve atraso na semeadura das duas lavouras.

No caso da soja, onde o estado é o segundo produtor nacional, 90% da planta está na fase de germinação e 10% em floração. A escassez de chuvas também ameaça os pomares de cítricos. Neles, os agrônomos têm constatado o murchamento das folhas e a queda dos frutos ainda em desenvolvimento.

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Já a situação das pastagens é considerada “crítica”, especialmente em áreas de solo mais arenosos e rasos. “O que afeta a alimentação dos bovinos de leite e de corte”, ilustra Cenci, lembrando que o cultivo de hortaliças – tomate, abobrinha e outras  – também sofre o impacto da estiagem. 

40 graus nos termômetros

Nesta segunda-feira, a sala de situação da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do estado colocou o rótulo de “Alerta” para oito das bacias hidrográficas do estado, enquanto todas as demais aparecem sob a rubrica de “Atenção”.  O serviço meteorológico Climatempo prevê que, no Sul, o verão será marcado pela estiagem acompanhando por “calor acima do normal”.

O primeiro dia de 2022 deu uma amostra do que aguarda os gaúchos. Santa Rosa, na região Noroeste, registrou máxima de 41,1ºC. No Oeste, Uruguaiana teve calor de 40,9ºC enquanto que em Quaraí, na mesma região, a temperatura atingiu 40,8ºC. Na divisa com a Argentina, Porto Xavier viu os termômetros também ultrapassarem os 40 graus. Para a semana, espera-se temperaturas mais amenas, embora as chuvas previstas sejam pontuais e de curta duração.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira