Rio de Janeiro

Resultados

Covid-19: vacinas aplicadas no Brasil conferem proteção adicional a quem teve a doença

Estudo de pesquisadores da Fiocruz mostra que média de proteção contra hospitalização ou morte excede 80% dos vacinados

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O trabalho mostra que as quatro vacinas apresentam efetividade de 39% a 65% para prevenir as formas sintomáticas - Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Um estudo publicado no site Medrxiv, na última quarta-feira (29), mostra que as quatro vacinas aplicadas no Brasil conferem um alto grau de proteção adicional contra a infecção sintomática e as formas graves da covid-19 em indivíduos que já haviam contraído o Sars-CoV-2 previamente. 

O estudo, liderado por Julio Croda e Manoel Barral-Neto, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforça ainda a importância do esquema vacinal completo, mesmo para essas pessoas. 

Leia mais: Governador do Rio confirma segunda infecção por covid em menos de um mês

O trabalho mostra que as quatro vacinas apresentam efetividade de 39% a 65% para prevenir as formas sintomáticas da doença. No caso das três vacinas com esquema de duas doses (Coronavac, AstraZeneca e Pfizer), a segunda dose fornece uma efetividade significativamente maior quando comparada com a primeira. 

A média de proteção contra hospitalização ou morte excede 80% 14 dias após o esquema vacinal completo – em comparação com pessoas infectadas e não vacinadas.

“A importância de ser vacinado é a mensagem principal, e a necessidade dessas duas doses para maximizar a proteção. Vemos que alguns países chegam a recomendar apenas uma dose para quem teve Covid, por considerar que estes já contam com um certo nível de anticorpos neutralizantes. Mas esse tipo de avaliação de efetividade na vida real mostra que há um ganho adicional com a segunda dose. É um ganho substancial contra as formas graves”, explica Julio Croda, pesquisador da Fiocruz Mato Grosso do Sul e principal investigador do estudo. 

A efetividade das vacinas contra o Sars-CoV-2 já havia sido provada em pessoas que nunca tiveram a doença, mas seus efeitos em indivíduos infectados previamente não eram claros. A partir da base nacional de dados sobre notificação, hospitalização e vacinação, os pesquisadores utilizaram um desenho de teste negativo para verificar a efetividade da Coronavac, AstraZeneca, Janssen e Pfizer em pessoas previamente infectadas.  

“Para AstraZeneca e Pfizer, só havia um artigo sobre desfechos graves, e envolvia apenas 75 indivíduos. Não havia nada sobre Janssen e Coronavac para doença sintomática e casos severos”, observa Croda. 

Foram avaliados 22.565 indivíduos acima dos 18 anos que tiveram dois testes de PCR positivos e 68 mil que tiveram teste positivo e depois negativo, entre fevereiro e novembro deste ano. Os pesquisadores descobriram que a após a infecção inicial a efetividade para posterior doença sintomática 14 dias após o esquema vacinal completo é de 37,5% para a Coronavac, 53,4% para AstraZeneca, 35,8% para Janssen e 63,7% para Pfizer. 

Nas vacinas de duas doses, a efetividade contra hospitalização e morte no mesmo período é de 82,2% com a Coronavac, 90,8% com a AstraZeneca e 87,7% com a Pfizer. Na Janssen, de apenas uma dose, é de 59,2%.

Fonte: Agência Fiocruz

Edição: Mariana Pitasse