O Ministério da Cultura da Itália comemorou nesta quinta-feira (30/12) a devolução ao país de 201 peças de antiguidade, avaliadas em 10 milhões de euros (mais de R$ 63 milhões), que foram localizadas em museus e galerias de prestígio nos Estados Unidos, após terem sido ilegalmente comercializadas nas últimas décadas.
Os itens estão entre milhares de peças de antiguidade recuperadas de traficantes ou devolvidas à Itália em 2021, como resultado de operações dos Carabinieri – a polícia italiana. As ações também tiveram como alvo círculos de contrabando de artes na Alemanha, Holanda, Bélgica e Suíça.
Das 201 obras devolvidas por autoridades americanas no início de dezembro, 161 já foram repatriadas, enquanto as outras 40 estarão em exibição no Consulado Geral da Itália em Nova York até março de 2022.
"Essas obras de arte não vão parar, como aconteceu muitas vezes no passado, em um grande museu”, afirmou o ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini. Ele explicou que elas serão devolvidas aos locais de onde foram roubadas, para serem exibidas em museus locais.
"Isso é parte de uma grande operação de repatriação que agregará valor ao nosso extraordinário país, como um vasto museu. São obras de grande importância que vão atrair público para essas localidades”, disse o ministro.
As peças recuperadas nos EUA incluem 96 itens que estavam na coleção do Museu Fordham de Arte Grega, Etrusca e Romana em Nova York, incluindo peças de cerâmica e ânforas, além de uma estátua de terracota datada do século 4 AC resgatada de uma galeria e seis itens que estavam no famoso Museu Getty, incluindo uma grande embarcação de cerâmica etrusca.
A maior parte da arte roubada estava ligada a Edoardo Almagia, um italiano radicado em Nova York. Acusações contra ele de 2006 na Justiça italiana prescreveram, mas, em 2013, um juiz de Roma ordenou a apreensão de todas as suas pecas de antiguidade em Nova York e Nápoles. Segundo a Promotoria de Nova York, ele está atualmente foragido em algum lugar da Itália.
Os investigadores reconstruíram uma cadeia que ia desde escavações ilegais até os comerciantes de arte que lidam com museus, casas de leilão, galerias de arte e coleções particulares nos EUA”, disse o comandante dos Carabinieri, Roberto Riccardi. As operações foram realizadas em cooperação com autoridades americanas.
Em 2021, a polícia italiana confiscou quase 1,7 mil obras de arte falsas e mais de 2,3 mil objetos arqueológicos. O valor recuperado é estimado em mais de 427 milhões de euros. Quase 1.190 pessoas foram indiciadas.
Outra grande operação da Justiça recuperou quase 800 objetos da antiga Daunia, localizada na Península de Gargano no norte de Puglia.
Autoridades também desmantelaram uma quadrilha que traficava artefatos de civilizações antigas do sul da Itália, que operava no norte da Europa. Treze pessoas estão sendo investigadas em associação a esse caso, que levou à descoberta de 2 mil artefatos.