IMUNIZAÇÃO PELA VIDA

Manifesto de 15 entidades médicas pede vacinação de crianças contra a covid-19

No Jornal Brasil Atual, países da América Latina estão em alerta diante do aumento de novos casos de Covid-19

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A vacina da Pfizer contra a covid-19 foi registrada no Brasil em 23 de fevereiro deste ano para pessoas a partir de 16 anos. Em 11 de junho, a aprovação foi estendida para a faixa etária de 12 a 15 anos - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Associação Médica Brasileira publicou, na última segunda-feira (27), um manifesto a favor da vacinação de crianças contra a covid-19. O documento conta com o apoio de outras catorze associações e sociedades de especialistas em medicina, entre elas a Sociedade Brasileira de Pediatria. A aplicação da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos foi autorizada pela Anvisa em 16 de dezembro, mas o governo Bolsonaro tem dificultado o início da vacinação.

No texto, a associação citou que agências reguladoras de outros países adotaram critérios semelhantes aos da Anvisa para analisar a imunização infantil contra a covid-19. É o caso da European Medicines Agency, na Europa, e da Food and Drug Administration, nos Estados Unidos. A entidade destaca que, somente nos Estados Unidos, 7 milhões de crianças de 5 a 11 anos já receberam a vacina, sendo que dois milhões já tomaram a segunda dose sem nenhum efeito adverso grave.

Por outro lado, o governo Bolsonaro segue difundindo mentiras, criou uma consulta pública totalmente enviesada, que já saiu do ar duas vezes, e quer exigir prescrição médica e autorização por escrito dos pais. Além disso, o Ministério da Saúde ainda não iniciou a negociação para compra da vacina específica para crianças dessa faixa etária.

O comunicado destaca que outras doenças, como gripe, rotavírus, varicela, caxumba, rubéola e hepatite A, não registram tantas mortes em crianças como a covid-19, mesmo assim, a vacinação contra todas essas doenças é recomendada pelos médicos. O texto lembra ainda que a vacina serve também para reduzir o risco de transmissão da covid-19, além de prevenir hospitalizações, sequelas, uso de antibióticos, internação em UTI, entre outras coisas.

Eficácia e segurança

Em 22 meses de pandemia, cerca de 2.500 crianças e adolescentes morreram devido a complicações da covid-19, sendo mais de 300 com idade entre 5 e 11 anos. “Conclamamos todos os pais e/ou responsáveis a, quando as vacinas estiverem disponíveis, vacinarem seus filhos. Vacina é vida. E vacinar é um ato de amor”, diz o manifesto.

A vacina da Pfizer contra a covid-19 para crianças apresentou eficácia superior a 90% na faixa etária de 5 a 11 anos, com apenas um terço da dose utilizada em adultos. Os dados são relativos à vacinação de 2.268 crianças de dessa faixa etária, que receberam duas doses da vacina ou placebo, com três semanas de intervalo.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI) e presidente do Departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) Renato Kfouri defendeu a aplicação do imunizante. Em vídeo apresentado durante a reunião da Anvisa, ele destacou o alto risco que as crianças correm com a covid-19.

“Ao meu ver, os benefícios superam os riscos. A carga da doença não é desprezível e a mortalidade das crianças nessa faixa etária é elevada. Só a covid-19 nessa população mata mais do que todas as doenças do calendário infantil atualmente”, afirmou o especialista.

Sem reações, nem sintomas

A coordenadora da Rede Análise Covid-19 Mellanie Fontes-Dutra ressalta que as crianças são transmissoras da covid-19 mesmo estando assintomáticas e que a vacina reduz esse potencial além de protegê-las de casos graves e sequelas da doença. “Sabemos que as crianças fazem parte de um grupo suscetível à covid-19. Mesmo não havendo um número absoluto de hospitalizações, a é a maior causa de internação dessas crianças. E nós vemos que é possível haver uma doença mais grave nesse grupo, além também do que chamamos de covid longa, deixando sequelas nas crianças. Pensando em tudo isso, visando a proteção da criança, a vacinação é necessária”, afirmou.

A epidemiologista e professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo Ethel Maciel destaca que a vacinação de milhões de crianças nos Estados Unidos comprova que a vacina é segura, tendo provocado ainda menos casos de reações adversas do que as registradas em adultos. “Os Estados Unidos já iniciaram a vacinação e não houve efeitos adversos graves. A vacina nessa faixa etária teve menos adversidades do que nos adolescentes.”

A vacina da Pfizer contra a covid-19 foi registrada no Brasil em 23 de fevereiro deste ano para pessoas a partir de 16 anos. Em 11 de junho, a aprovação foi estendida para a faixa etária de 12 a 15 anos

Confira esta e outras notícias desta quarta (29) no áudio acima. 

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