NATAL

Presépios e lapinhas: conheça a tradição que forma o catolicismo popular em Minas Gerais

Confecção de presépios atravessa gerações e está presente em mais de 700 cidades mineiras

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Tradição de confeccionar presépios e lapinhas atravessa gerações em Minas Gerais - Iepha-MG/Divulgação
Nunca fica igual de um ano para o outro. A gente quer sempre montar diferente

Minas Gerais: um estado que guarda com afeição as manifestações que formam o catolicismo popular. A confecção dos presépios é uma destas tradições que se perpetua ao longo de séculos nos municípios mineiros. 

José, Maria, os três reis magos, a estrela, os animais. No período natalino, as representações de devoção ao menino Jesus tomam as calçadas, varandas, o interior e o entorno das igrejas.

"Isso acontece desde Belo Horizonte, que tem diversos presépios, inclusive o do Pipiripau, que é um bem tombado a nível estadual e é um dos maiores presépios do mundo, até cidades do porte de Serra da Saudade, que é o menor município do país em número de habitantes. Tem pouco mais de 800 habitantes", explica a gestora de patrimônio cultural Simone Ramos.

Hoje, mais de 700 cidades de Minas têm presépios públicos em seus espaços.  A população cadastra suas obras através do envio de fotos ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). O registro gera um roteiro de visitações.  

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No município de Lavras, há mais de 40 anos Clarice Maria Pacheco Gomes monta o presépio na Matriz de Santana. "Nunca fica igual de um ano para o outro. A gente quer sempre montar diferente. E sempre fica diferente", conta a funcionária pública.


Presépios também ocupam os espaços externos das igrejas / Iepha-MG/Divulgação

Na confecção, as artesãs e artesãos produzem os exemplares com uma ampla diversidade de materiais, inclusive naturais. É o caso das figuras antropomórficas em barro das famílias do Vale do Jequitinhonha, na região noroeste. Descendo o estado, em direção a São Paulo, já se encontram outros estilos, como os luminotécnicos. 

É uma manifestação muito musical, muito teatralizada

"Tem cidades que constroem presépios em praças, em igrejas, mas também tem aqueles presépios mais simples, que são construídos nas casas, com diversos tipos de materiais, e eu acho que é nisso que está a beleza dos presépios e das lapinhas em Minas Gerais", explica Ana Paula Beloni, gerente do Iepha-MG.

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Toda essa iniciativa de cadastro dos presépios teve início a partir do registro das Folias de Minas como patrimônio cultural imaterial do estado, em 2017. As folias saem em cortejo visitando os presépios no período natalino. O Iepha-MG mapeou mais de 1.800 grupos em atividade no estado de Minas. 

"São manifestações em movimento que saem de casa em casa, as folias de reis vão visitando presépios, e pagando promessas na casa de devotos. É uma manifestação muito musical, muito teatralizada. Geralmente, as manifestações ligadas a natividade elas têm esse caráter de serem performativas", conclui Beloni.

 

Edição: Douglas Matos