ELEIÇÕES NO CHILE

Em discurso da vitória, Boric reafirmou agendas e acenou para possibilidades de "pontes"

"Hoje a esperança venceu as campanhas do medo", disse o presidente eleito em Santiago na noite de domingo (19)

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O presidente eleito, Gabriel Boric, também lembrou que a crise climática será transversal em suas políticas para garantir o desenvolvimento do país. - JAVIER TORRES / AFP

O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, agradeceu a população neste domingo pelo apoio no segundo turno das eleições presidenciais, em que derrotou o candidato de extrema-direita pinochetista, José Antonio Kast.

"O futuro do Chile precisa de todos nós e espero que tenhamos maturidade para lidar com o que ele nos propuser. Saberemos construir pontes para que nossos compatriotas vivam melhor (...). Os tempos que virão não serão fáceis, temos que enfrentar as consequências sociais, econômicas e sanitárias", afirmou o presidente eleito. 

Boric lembrou ainda que a vitória também corresponde às lutas de setores populares de anos atrás: "Sinto-me herdeiro de uma trajetória histórica, que, a partir de diferentes posições, buscaram a justiça e a defesa dos direitos humanos e das liberdades. Serei o presidente de todos os chilenos", disse.

Tweet: #AOVIVO | @sebastianpinera: o futuro presidente #GabrielBoric terá que enfrentar novos desafios, novas decisões, novas oportunidades
Todos nós devemos contribuir para que o Chile seja um bom país para nascer
 

Tweet: "#AOVIVO | #GabrielBoric agradece aos diferentes setores que o apoiaram, entre eles as mulheres e grupos dissidentes 
Agradece a #Servel por seu trabalho, aos meios de comunicação, aos candidatos que participaram desta eleição"
 

"Quero dizer que o compromisso não se esgotará depois das eleições, será fortalecido durante o nosso governo (...). Agradeço às pessoas que não puderam votar por falta de transporte público. Saudações aos militantes independentes e aos movimentos sociais que há anos lutam por um Chile diferente", expressou Gabriel Boric.

Desafios

Gabriel Boric ressaltou a importância de reivindicar os direitos de setores populares, bem como a defesa do meio ambiente e da Convenção Constituinte, a qual conta com a participação de vários grupos étnicos. 

"O meu compromisso é cuidar da democracia todos os dias, uma democracia substantiva, onde as comunidades e as organizações sociais tenham protagonismo, pois sem o povo não há democracia (...). As demandas por justiça e dignidade do povo continuam presentes, avançaremos a passos lentos e firmes”, afirmou o presidente eleito.

Referindo-se ao crescimento econômico, Boric disse que este deve ser acompanhado por políticas de combate à desigualdade social: "um crescimento econômico que ocorre com desigualdade social tem pés de barro. Somente com coesão social podemos caminhar para um verdadeiro desenvolvimento sólido", acrescentou.

Tweet: #AOVIVO | #GabrielBoric: são muitos os desafios que teremos que superar, um sistema de saúde que não discrimine ricos e pobres
Pensões decentes para aqueles que trabalharam a vida toda
Moradia digna

 

Tweet: #AOVIVO | #GabrielBoric: nosso governo vai estar de braços abertos, vai conversar com o povo, porque um governo não avança sozinho. O povo também entra agora, junto conosco, no Palácio da Moeda.

"O respeito pelos direitos humanos é sempre um compromisso inabalável. Jamais podemos ter um presidente que declara guerra ao seu próprio povo. Às vítimas dos direitos humanos dizemos: Não nos cansaremos de buscar a verdade, a justiça, a reparação e a não repetição", assegurou Boric.

O presidente eleito também lembrou que a crise climática será transversal em suas políticas para garantir o desenvolvimento dos chilenos: "A crise climática não é uma invenção, ela impacta a vida das gerações futuras. Não queremos mais zonas de sacrifício e projetos que destroem nosso Chile", acrescentou.

"Não podemos ficar indiferentes quando vemos nossos agricultores sem água. No nosso governo, um desenvolvimento compatível com o meio ambiente será uma prioridade (...). As AFP [Administradoras de Fundos de Pensão] que ganham cifras absurdas às custas da população são parte do problema. Vamos defender um sistema público, autônomo, sem fins lucrativos e sem AFP", disse Boric.