A mineração tem um financiador. É através do bloqueio de bens e multas que se consegue uma reversão
O garimpo ilegal, praticado em larga escala na Amazônia, afeta diretamente a natureza e a vida de quem mora nas redondezas dessas atividades. Uma das consequências mais danosas é a contaminação de rios e cursos d'água com mercúrio, substância química usada na mineração de ouro, com potencial extremamente tóxico para pessoas e animais.
“O mercúrio é utilizado como aglutinador, separando o ouro de outras impurezas. As pessoas que trabalham na mineração aspiram o mercúrio e grande parte da substância chega à atmosfera e volta para a superfície, para os rios, e chega nos peixes e nas pessoas que comem o peixe”, disse em entrevista a edição de hoje (16) do Bem Viver a professora da Universidade Federal do Pará, especialista em química, Simone Pereira. “O mercúrio causa muitos problemas de saúde, principalmente neurológicos.”
Em novembro deste ano, 300 balsas de garimpo foram flagradas minerando ilegalmente em um trecho do Rio Madeira no estado do Amazonas. O fato repercutiu nacionalmente e após uma série de reportagens de diversos veículos de imprensa, uma operação da polícia federal apreendeu 131 embarcações. As demais foram abandonadas antes da chegada dos agentes.
Apesar da ação da política federal, a paralisação das atividades tende a ser temporária. Os próprios garimpeiros já prometeram voltar ao local. “A exploração do ouro na Amazônia tem um financiador, que é alguém poderoso que nem sabe onde fica aquele garimpo. É através do bloqueio dos bens dele e de multas pesadas que se consegue reverter a situação. Não é buscando o garimpeiro, que está arriscando a vida, ficando 24 horas na selva, em uma balsa que pode virar, correndo riscos”, diz a professora.
Violência policial e racismo
As polícias brasileiras matam, em média, uma pessoa negra a cada quatro horas no país, segundo um estudo publicado pela Rede de Observatórios da Segurança. Para especialistas e membros de movimentos populares, os dados escandaram a relação direta entre violência policial e racismo.
As informações foram coletados em 2020 e apontam que mais de 82% das vítimas de ações policiais eram negras.
Bell Hooks
A escritora estadunidense Bell Hooks morreu ontem (15) aos 69 anos, nos Estados Unidos, deixando um enorme legado de luta contra o machismo, o racismo e a desigualdade social.
A ativista feminista estava cercada de pessoas próximas no momento da partida e é, para muitos, uma sementes que continuará compartilhando esperança para o mundo.
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Edição: Sarah Fernandes