A política, principalmente a política externa dos EUA, é excessivamente desonesta
O convidado desta semana no BDF Entrevista é o jornalista e escritor cubano Leonardo Padura Fuentes. Nascido em Havana, ele se tornou uma referência mundial na literatura por seus romances policiais. Padura já escreveu 13 romances e lança este ano, no Brasil, "Como poeira ao vento", pela editora Boitempo.
Em conversa gravada em espanhol, Padura fala sobre o novo livro, sobre os desafios da pandemia, a necessidade de ampliar o diálogo em Cuba, e ainda sobre a urgência em dar protagonismo ao povo cubano na resolução dos próprios conflitos."Não se pode entender o mundo do mesmo modo que 20 ou 30 anos atrás, e existem novas gerações com novas demandas e exigem espaços para expressar essas novas demandas. Eu acho que uma maior liberdade de expressão, uma maior democratização, um maior entendimento e diálogo são necessários em Cuba", afirma o escritor.
Eu acho que uma maior liberdade de expressão, uma maior democratização, um maior entendimento e diálogo são necessários em Cuba.
Confira alguns trechos da entrevista:
Brasil de Fato: Você lança aqui no Brasil o romance "Como polvo en el viento", que no Brasil se chamará
"Como poeira ao vento". Agora são 13 romances, uma carreira consolidada. Você está preparado para o lançamento? Como vai ser? Espera fazer uma turnê internacional?
Leonardo Padura: Este romance foi publicado no ano passado em espanhol durante o período mais complicado da pandemia. Saiu em agosto de 2020, na Espanha, e algumas semanas depois foi saindo aqui nos países hispânicos da América Latina. Estou agora apresentando o romance. Às vezes é complicado para mim, porque faço as apresentações em outros idiomas. Recentemente, fui à França apresentar a edição em francês. Na França, aliás, o romance foi finalista em dois prêmios muito importantes. O prêmio Médicis e o prêmio Femina. Infelizmente, não ganhei. Mas fiquei entre os sete ou oito romances mais reconhecidos pela crítica publicados no país em 2021.
Agora está saindo essa edição brasileira. E nos primeiros meses do ano que vem faremos uma turnê pela Europa para apresentá-lo em Portugal, na Itália e na Suiça alemã, a Suiça que fala alemão. No verão, vamos fazer as apresentações em grego. São os primeiros idiomas em que o romance já está saindo, Há outros contratos. Como é um romance bastante longo, os tempos de tradução também podem ser longos. Por isso, novas edições irão saindo ao longo do ano em outras línguas. Por exemplo, em japonês. Ainda não temos a data, mas temos contratos assinados para a versão em japonês e outros idiomas.
Agora estamos começando a pensar em algo mais próximo do normal, de como vivíamos antes. Como foi a pandemia para você?
Olha, acho que o mundo todo passou quase dois anos em um estado excepcional muito complicado, porque... Acho que, apesar de todo o desenvolvimento científico que existe, a pandemia superou nossas capacidades em todos os sentidos. Capacidades médicas, logísticas, de medicamentos... E, no caso de Cuba, durante 2020, lidou-se muito bem com a pandemia. Durante o ano inteiro, o número de casos era relativamente baixo. A quantidade de mortos era relativamente baixa. Aplicaram-se rapidamente protocolos bastante eficazes para tratar a doença e começou-se a trabalhar na elaboração de vacinas cubanas.
No fim do ano, houve uma abertura de fronteiras. O país passou seis ou sete meses com as fronteiras fechadas. Aí abriram as fronteiras e vieram visitantes de vários lugares. Muitos vieram de Miami, cubanos que moram lá e vieram ver suas famílias, em um momento em que a Flórida vivia um pico alto da pandemia. Isso provocou uma retomada, uma segunda onda muito grande em Cuba, que praticamente durante todo este ano, desde fevereiro, veio sendo muito forte. Teve uma quantidade de mortos notável para Cuba. Alguns dias houve 70 a 80 mortos pela pandemia. Agora, como uma grande parte da população cubana foi vacinada com esses produtos cubanos, começa a diminuir. Já são 300 a 400 casos ao dia agora, uma cifra muito mais fácil de lidar. Houve um momento em que os hospitais estavam abarrotados.
E o que ainda se está esperando é a aprovação, pela OMS, do reconhecimento das vacinas cubanas como vacinas. Ainda são candidatos vacinais. São duas, uma se chama Soberana, que são três doses: Soberana 1, Soberana 2 e Soberana Plus. E outra que se chama Abdala. Estão sendo aplicadas também em outros países, mas dessa maneira que eu disse, como candidatos vacinais. Mas, bom, foi um ano complicado. Em relação ao trabalho, significou a impossibilidade de viajar. E isso, de certa forma, me beneficiou, porque eu terminei a versão final de "Como poeira ao vento". É uma versão que tem que ser feita com muito cuidado, quase que limpar palavra por palavra no texto. E, depois que o romance foi publicado, eu continuava trancado em casa, em Cuba. Comecei então a escrever um novo romance, que já está bem desenvolvido. A ideia é publicá-lo ano que vem.
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Você sempre diz que não é um historiador, mas seus romances são fragmentos importantes da História. Como separar o que é realidade e o que é ficção?
No caso do romance, é um espaço muito difícil de determinar. Para o historiador, é muito claro. Ele trabalha com documentos, com fatos históricos mais ou menos comprovados, tem que atender determinadas cronologias, uma análise dos processos, porque a História é uma ciência social. É uma ciência muito inexata, porque é influenciada por muitos fatores determinantes, como a ideologia do historiador, a época em que realiza seu trabalho, o tema de pesquisa... Para alguns temas existe um acesso mais fácil à informação, aos documentos. Para outros, é muito mais difícil, por muitos motivos.
No caso do romance, pretendemos adentrar um território em que existem fatos ocorridos na realidade, mas que serão representados a partir de uma perspectiva estética. Quando falamos em romance, falamos em ficção. E ao falar de ficção, estamos inventando uma realidade. Mas, no caso do romance histórico, quando há uma realidade já comprovada, temos que ter certo respeito a essa história. Se digo "certo respeito", é porque nada deve comprometer a liberdade do romancista. O romance é o gênero da liberdade.
O que temos que saber é até que ponto esses acontecimentos ocorridos na História devem ser representados com maior ou menor proximidade aos verdadeiros processos históricos. Porque a História acontece. A História acontece como a realidade. E a realidade não é dramática. Mas o romance precisa ter um desenvolvimento dramático. Portanto, é preciso fazer uma readequação da realidade para transformá-la em um romance.
No caso de "Como poeira ao vento", é uma história que acontece em um período bastante recente. O romance começa no ano 1989. Fala de um grupo de amigos em Cuba, que se reúnem com frequência, são muito próximos. E aí começa uma história que termina em 2016. É um ano relativamente próximo. Este não seria exatamente um romance histórico. Mas eu digo que é, sim, porque, de certa forma, é uma história possível da minha geração, em Cuba, e da diáspora dessa geração por muitos lugares do mundo.
Nesse novo romance você fala dos cubanos que decidiram ir embora. Hoje os cubanos do exterior influenciam muito a imagem de Cuba. Quem são os cubanos de quem você fala no romance?
O romance é sobre um grupo de amigos que, como eu disse, é um pouco a história da minha geração. Todos esses amigos têm graduação universitária. São todos profissionais. Há um médico, um físico, um matemático, um engenheiro, um arquiteto... Porque a minha foi uma geração que chegou massivamente à universidade nos anos 1970, 1980, em Cuba. E é uma geração de muitos profissionais. Essas pessoas têm uma relação normal
com a realidade cubana. Passaram a vida inteira ali. Estudaram, participaram dos processos que Cuba atravessou.
No meu caso isso inclui não só ter realizado aqueles trabalhos agrícolas que eram feitos como parte da formação do "homem novo". Lembro de quando eu tinha 15 anos. Fiz 15 anos num canavial, fazendo um trabalho duríssimo. Bom, tivemos todas essas experiências, que, no meu caso, inclui também o fato de que felizmente estive na Angola na época da guerra. Felizmente, eu fui como jornalista civil. Não tive nada a ver com a parte militar. Mas no prédio onde eu morava, ao lado da minha cama, tinha um fuzil AK com quatro carregadores, porque, se acontecesse alguma coisa, eu tinha que imediatamente deixar de ser civil e virar militar.
Então todas essas experiências foram formando esse grupo de pessoas. Em 1989, começam a acontecer coisas no mundo, em geral muito complicadas, que iriam alterar um pouco a história dos tempos recentes. Lembrando que 1989 é o momento da queda do muro de Berlim. A partir desse momento, começa um processo de desintegração de todo o sistema socialista no Leste Europeu, que termina na desintegração da União Soviética. Isso provocou uma crise econômica em Cuba. Cuba dependia comercialmente da União Soviética. Era uma dependência quase absoluta. E isso provocou uma queda total na economia cubana e nos níveis de vida dos cubanos.
Esta foi uma das razões por que muitas pessoas saíram de Cuba. Durante vários anos, faltava energia, comida, remédios, cigarros, rum, transporte... Faltava tudo. Isso afetou o desenvolvimento dessa geração, porque praticamente paralisou o país. Por exemplo, eu, como escritor, houve um momento em que havia escrito dois romances e não tinha onde publicá-los em Cuba. Então tive que procurar recursos, mandá-los a prêmios para ver se publicavam. No fim, um deles foi publicado. E o terceiro ganhou um prêmio na Espanha. A partir daí, comecei a relação com a minha editora espanhola.
Havia uma crise de papel também. A primeira crise foi o papel! Foi a primeira coisa que faltou. Por isso já em 1990... Em Cuba, nos anos 1970 e 1980, foram publicados muitos livros. Muitos mesmo. Há pouco tempo, um jornal francês me pediu um artigo para o aniversário de nascimento ou morte de Georges Simenon, o autor belga de romance policial. Eu procurei um dos livros que tinha dele, comprado em Cuba, e a tiragem da 1ª edição do livro foi de 50 mil exemplares. Publicavam-se muitos livros. E, de repente, esse papel que chegava da União Soviética parou de chegar. Então você ia a uma editora com seu livro e o editor dizia: "Bom, deixa aí, vamos ver se algum dia poderemos publicar, porque não tem papel".
Este foi um dos fatores relacionados a esse processo de desencanto e desespero de muita gente que optou por sair do país. No romance, ocorrem também entre esse grupo de amigos alguns acontecimentos que provocam rupturas. Não quero falar muito sobre isso, porque é importante que os leitores descubram. Acontecem rupturas entre eles, que também levam a essa dispersão dos personagens. É um romance que fala da diáspora da minha geração, fala do conceito de amizade, que é muito importante, e também da permanência, porque há personagens que ficam em Cuba. Decidem permanecer em circunstâncias às vezes muito complicadas e difíceis. Este foi o meu caso. Eu fui dos que ficaram em Cuba.
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Você é formado em jornalismo e contou sobre a experiência em Angola. Hoje temos novos meios, o tempo de escrita é mais curto, as pessoas leem menos, e ainda há muitas notícias falsas. Quão difícil é reportar nos dias de hoje?
Tenho falado disso com diretores de jornais importantes, com quem pude conversar. O jornalismo foi surpreendido pela chegada desse universo digital, em que estamos vivendo. Já havia existido um problema grave para o jornalismo em relação ao que era considerado notícia, com o advento do rádio e da televisão. Eram meios muito mais imediatos, porque um jornal tem que ser preparado, impresso, distribuído. Primeiro tem que escrever a notícia, depois fazer todo esse processo industrial. No caso do rádio e da TV, você só tem que preparar a matéria e colocar no ar. E isso transformou o conceito de notícia.
Mas, com a chegada do mundo digital, esse espaço se abriu infinitamente. E os jornalistas muitas vezes não estavam preparados para encontrar uma nova maneira de se manter próximos dessa relação com a notícia, com o comentário, com a opinião, porque hoje em dia você entra no Facebook e todo mundo opina. Então o espaço do jornalismo foi reduzido. Isso significou, em parte, uma coisa boa. O lado bom é que o jornalismo teve que se profissionalizar muito mais para poder conservar seu espaço. Mas o lado ruim é que qualquer pessoa pode operar como jornalista. E aí começam problemas como, por exemplo, as notícias falsas. As fake news. E também análises em que muitas vezes as fontes não são comprovadas. Porque falta esse profissionalismo do jornalista.
Durante anos, uma das regras fundamentais a seguir no jornalismo para poder publicar uma informação era ter fontes confiáveis de onde vinha essa informação. Hoje em dia, às vezes uma notícia é criada a partir de um rumor. Depois de criada, dá muito trabalho desmenti-la, porque ela circula a uma grande velocidade. Esse espaço amplo criado pelo universo digital e por todas as plataformas que existem... O fato de que cada pessoa possa ter... Antes eram os blogs, agora são os murais do Facebook. Enfim, todos esses espaços do mundo digital abriram tanto, tanto a possibilidade de informar, que muitas vezes as pessoas têm dificuldade de encontrar a informação mais confiável. É por isso que ainda visitamos os sites dos jornais buscando com certa confiança informações de qualidade.
Eu sei que você não gosta de falar de política, mas Cuba está vivendo um momento difícil. Em relação às manifestações de julho, você comentou que o governo não ouviu algumas pessoas afetadas por esta situação peculiar. Há poucos dias, mais uma vez, a oposição ao governo cubano tentou fazer novas manifestações. Como você vê este momento?
Acho que, em Cuba, está ocorrendo uma série de acontecimentos que serão importantes e decisivos. Nos próximos anos, veremos os resultados. Havia sido anunciada uma manifestação pacífica para o dia 15/11. Ela não aconteceu, foi considerada ilegal, anticonstitucional. O governo a considerou assim. E foi feito um grande escândalo midiático ao redor deste fenômeno. Acho que tudo isso é resultado de um esgotamento dos métodos e do sistema político cubano, que precisa atravessar transformações, precisa mudar e precisa deixar mais espaço.
Não se pode entender o mundo do mesmo modo que 20 ou 30 anos atrás. Existem novas gerações com novas demandas e que exigem espaços para expressar essas novas demandas. Eu acho que uma maior liberdade de expressão, uma maior democratização, um maior entendimento e diálogo são necessários em Cuba. O governo pode ter a capacidade de reprimir, mas deveria ter a capacidade de dialogar. O diálogo é sempre difícil e o governo cubano não está acostumado a dialogar. Ele tem que aprender a dialogar porque senão essas crises serão contínuas e não terão um bom resultado para nenhuma das partes, porque podem terminar em atos violentos. Felizmente nesta ocasião não houve, e esperamos que continuem assim porque realmente quando se chega ao ponto da violência pode-se chegar a um ponto sem volta. E isso é muito perigoso.
Você também mencionou que estas manifestações de radicais ameaçam a soberania do país.
Existe um problema real em tudo isto. Existem forças fora de Cuba interessadas em desestabilizar o sistema cubano. Isso é indiscutível. Eu não acredito que haja, neste último movimento do período próximo a 15 de novembro... Ele foi essencialmente uma expressão de inconformidade, de insatisfação de um grupo de pessoas em Cuba, um grupo notável, porque talvez não seja a maioria da população, mas é notável.
Acontece que muitas vezes a política, principalmente a política externa dos EUA, é excessivamente desonesta. Começam a ter uma relação com um movimento interno cubano, que passa uma imagem real de uma ingerência. Até os próprios líderes desse protesto, que não pôde ser feito, insistem que não querem ingerência externa em seu movimento. Querem que seja um movimento autenticamente cubano, nacional. E acho que eles expressaram uma posição bastante clara sobre o que poderia significar uma ingerência externa. Mas houve pessoas que disseram que o que seria ideal seria uma intervenção militar ou humanitária em Cuba. Isto seria um desastre, em qualquer sentido.
Acho que é preciso dar um espaço aos cubanos para que resolvam seus problemas entre cubanos, e que o governo cubano entenda que é necessário resolver esses problemas. As manifestações de julho foram um grito muito forte de uma sociedade que esgotou sua capacidade de resistir diante de tantas carências, de tantos problemas e de um discurso do governo feito de palavras de ordem e pouca realidade. [Uma sociedade] que mostrou esse cansaço em uma manifestação popular que teve momentos de violência e de vandalismo. Tudo isso ocorre normalmente nesse tipo de movimento. Mas que principalmente foi a expressão desse cansaço e desespero da sociedade, da falta de esperança de muita gente na sociedade cubana.
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O embargo a Cuba completa 61 anos. Você já disse que foi criticado por falar sobre o bloqueio, mas são muitos anos sob restrições e isso, é claro, tem um impacto na vida das pessoas, não é?
O embargo é uma política que foi condenada durante 30 anos por toda a comunidade internacional. Cada vez que esse assunto é levado aos debates das assembleias da ONU, condena-se o embargo, considerando-o ilegal, e, em um momento como o da pandemia, o embargo é muito mais doloroso e agressivo. O grande problema é que muitas vezes se imagina que o embargo seria uma forma de mudar o sistema cubano. O sistema resistiu ao embargo durante 60 anos. Quem sofreu o peso do embargo fomos nós, cidadãos cubanos, que fomos privados de muitas coisas que, em outras condições, poderiam ter funcionado bem ou mal. Não sei, porque estamos falando de um cenário que não ocorreu. O cenário que ocorreu foi manter o embargo por mais de 60 anos. É um fato real que ninguém pode discutir que existe e tem um peso sobre a vida cubana.
Você uma vez disse que Cuba é uma terra que te ajuda a germinar. Essas mudanças na ilha também mudaram você?
A gente vai mudando nossa maneira de pensar, de entender a realidade. É claro que sim. Eu acredito na dialética, que significa movimento. Significa negação da negação. A gente tem que evoluir em nossa maneira de pensar. A gente pode ser fiel a alguns preceitos éticos, sociais, e inclusive políticos, mas a forma de ver a realidade pode mudar em muitos sentidos. Acho que minha forma de ver a realidade mudou em muitos sentidos, porque a realidade também mudou em muitos sentidos. A realidade cubana de hoje é diferente da de 20 anos atrás e é diferente da de 40 anos atrás.
E isso dá para ver muito bem no meu romance "Como poeira ao vento". Esse grupo de jovens que, em 1989, pensava de uma maneira, nos anos 1990 já pensava de outra, e nos anos 2000 pensava de outra maneira diferente. Há uma personagem chamada Clara, muito importante no romance, que, em dado momento, diz: "Hoje penso assim, mas há dez anos pensava de outra forma e não imaginava, há dez anos, que poderia pensar desta forma. E tenho certeza de que, em dez anos, vou pensar diferente e não imagino de que forma vou pensar sobre este momento". E acho que isso aconteceu com todos nós. A realidade mudou e nossa percepção sobre ela mudou. Nossas satisfações podem ter permanecido, mas nossas insatisfações podem ter crescido em relação a muitas coisas, inclusive a política. E esse foi o meu caso.
Edição: Raquel Setz