Nos últimos anos, dezenas de relatórios e investigações foram conduzidos acerca desse tema
O trabalho escravo na cadeia produtiva do café é um crime antigo e recorrente na história brasileira. Tem origem no Brasil Colônia. Perdura há séculos e chega aos tempos atuais sob responsabilidade de multinacionais, dentre elas as maiores redes de supermercados em atuação no país.
Pão de Açúcar, Carrefour e Grupo Big são os principais beneficiários do trabalho escravo na cadeia produtiva do café. Essas redes controlam uma grande parte dos fluxos econômicos que sustentam fazendas e cooperativas que usam, de forma intencional e deliberada, trabalhadores em regime de escravidão. O objetivo em comum dessa estrutura é a maximização dos lucros.
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Maximizar lucro não é problema. O problema é que, para fazê-lo, as empresas excluem, de suas planilhas, o valor da vida humana.
Para isso, uma estrutura paralela permeia o setor: altos investimentos em propaganda sobre sustentabilidade e baixíssimo controle sobre que acontece na cadeia de fornecimento.
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Auditorias de fachada, certificadoras que ignoram – intencionalmente - crimes contra a pessoa humana e a cegueira deliberada das grandes redes compõem a estrutura que dá sustentação ao trabalho escravo na cadeia produtiva do café.
Nos últimos anos, dezenas de relatórios e investigações foram conduzidos acerca desse tema. O mais recente é um estudo da Oxfam Brasil, coordenado por Gustavo Ferroni e do qual este autor participou como jornalista investigativo.
O relatório, intitulado Mancha de Café, pode ser lido no site da organização. Também é possível assinar uma petição, reivindicando aos supermercados que parem de financiar trabalho escravo na produção de café.
Faz parte desta campanha um filme documentário, roteirizado por Manoela Bonaldo e dirigido por este autor. Pode ser assistido no canal da organização.
Violência contra a mulher
Atualmente, os supermercados sequer informam quais são seus fornecedores. Também não têm políticas de direitos humanos transparentes e mensuráveis.
A violência de gênero é uma tragédia à parte. A mulher trabalhadora do campo é tratada de forma indigna. Passa diariamente por constrangimentos brutais, como a ausência de banheiros ou alojamentos condizentes com a dignidade humana.
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Pão de Açúcar, Carrefour e Grupo Big, financiadores do trabalho escravo na cadeia do café, têm as ferramentas necessárias para promover as mudanças necessárias, pois controlam o fluxo econômico da produção.
*Marques Casara é jornalista especializado em investigação de cadeias produtivas. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Leia outras colunas.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Vivian Virissimo