Rio Grande do Sul

Vida das Mulheres

Movimentos feministas preparam ações pelo fim da violência para esta quinta-feira (25)

No Dia Internacional pelo Fim da Violência contra a Mulher, ações acontecem em várias cidades gaúchas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Ações fazem parte da campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher
Ações fazem parte da campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher - Divulgação

Nesta quinta-feira (25), Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, mulheres no país e no mundo saem às ruas pelo fim da violência de gênero. No Rio Grande do Sul, várias ações serão realizadas para chamar atenção ao elevado índice gaúcho de feminicídios. Em Porto Alegre, acontecerá um ato público, ao meio dia, em frente ao Palácio Piratini.

Segundo o último Anuário Brasileiro da Segurança Pública, do Fórum Brasileiro da Segurança Pública, a violência letal contra mulheres cresceu 0,7% durante 2020, ano em que foram registrados 1.350 casos de feminicídios no país. Desse total, 74,7% das vítimas tinham entre 18 e 44 anos, 61,8% das mulheres eram negras e 81,5% foram mortas pelos companheiros ou ex-companheiros. 

O relatório da pesquisa Percepções da população brasileira sobre feminicídio, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva (novembro/2021) e divulgado nesta terça-feira (23), destaca que 30% das mulheres brasileiras já foram ameaçadas de morte por parceiros ou ex, e que uma em cada seis já sofreu tentativa de feminicídio.

Já em relação aos números no Rio Grande do Sul, foram registrados de janeiro deste ano até o final de outubro, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, 83 assassinatos de mulheres e 210 tentativas, ultrapassando os feminicídios de 2020, quando foram contabilizados 79 casos.

Por trás desses números, apontam os movimentos feministas, está o silenciamento. “Há uma gigante dificuldade das mulheres, pois a violência acontece pelas mãos de pessoas que eram do seu convívio e afeto", afirma a integrante da Marcha Mundial das Mulheres, Cláudia Prates, que estará presente no ato desta quinta-feira na Capital.

Para Cláudia, o avanço na luta por uma vida sem violência passa por dois aspectos. "Primeiro precisamos desnaturalizar a violência sofrida pelas mulheres, construir espaços de auto organização das mulheres para romper com o isolamento. Segundo, lembrar que o combate à violência é um compromisso de toda a sociedade, não só das mulheres. Esta luta deve ser de todos os movimentos, todos os dias, numa campanha permanente.”

Denunciar o feminicídio e cobrar ações do Estado

“O ato que ocorrerá em Porto Alegre no dia 25 de novembro é de extrema importância, pois vem dar visibilidade e denunciar a violência contra as mulheres", destaca Thaís Pereira Siqueira, mestre em Psicologia Social e Institucional, psicóloga e consultora de projetos e integrante do Coletivo Feminino Plural. "No caso da Campanha Levante Feminista contra o Feminicídio, presente em todos os estados, vem denunciar, mais especificamente, a quantidade de feminicídios que estão ocorrendo no país", completa.

A ação referida pela Thaís, do Levante Feminista contra o Feminicídio, será em todo o país, também neste Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. O movimento vai fazer o plantio real ou simbólico de girassóis, símbolo da campanha, como um memorial das mulheres vítimas do crime. 

No estado, de acordo com o movimento, diversas ações planejam a distribuição de sementes de girassol e a pintura da flor em muros cedidos nos municípios de todas as regiões. As ações serão acompanhadas dos nomes das mulheres que morreram vítimas da violência de gênero, lidos ou escritos.

Além da disseminação dos girassóis, as representações regionais do Levante Feminista protocolarão ofício nos Ministérios Públicos Estaduais com os números alarmantes do feminicídio em cada estado. O ofício objetiva também chamar a atenção do MPF para a classificação dos homicídios de mulheres (se está correta) e para a fiscalização na aplicação dos recursos destinados ao enfrentamento da violência de gênero.

"Estamos demandando as autoridades públicas, porque embora o feminicídio seja um problema da sociedade, é obrigação do Estado brasileiro, pela Constituição, tratados e leis, a garantia dos direitos humanos das mulheres. Sem políticas públicas de prevenção e atendimento em redes especializadas, estaremos contando corpos. Isso é inaceitável", defende a jornalista Télia Negrão, da Rede de Saúde das Mulheres Latinoamericanas e do Caribe/RSMLAC e do Levante Feminista contra o Feminicídio. 

Lançamento da Lupa Feminista

Além do ato em frente ao Executivo estadual, será lançada a Lupa Feminista contra o Feminicídio, que ocorrerá remotamente através de uma live, a partir das 20h, no canal do Levante Feminista RS no Youtube. A Lupa funcionará como um observatório de metodologia colaborativa, traçando dados confiáveis sobre a origem das vítimas (sócio-econômica, étnico-racial, idade, profissão, filhos, relação com o assassino), dando a essas mulheres um tratamento respeitoso no registro de suas memórias. 

A Lupa será composta por uma coletânea de leis e normas, informações sobre a rede de atendimento para as mulheres que sofrem violência, fontes de pesquisa e casos de feminicídio noticiados pela imprensa. Também vai trazer um Feminiciometro que estará mostrando o número de mulheres assassinadas no RS e no país logo na capa, para chamar a atenção a respeito da gravidade dessa situação.

Mostra artística "O Corpo é Meu

Na mesma live, a partir das 21 horas, será lançada a mostra artística "O Corpo é Meu". Esta é resultado de um edital promovido pela Campanha no RS que, assim como a Lupa, tem o apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço, também integrante da Campanha, através do Coletivo Feminino Plural.


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Edição: Marcelo Ferreira