Rio de Janeiro

CULTURA

Críticos de cinema do RJ enviam carta a Eduardo Paes para evitar fim de salas de rua

Movimento foi deflagrado após especulação imobiliária ameaçar um dos circuitos mais tradicionais da capital

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
cinema odeon
Críticos e produtores culturais temem que Odeon, no centro do Rio, esteja no alvo de salas a terem atividades encerradas - Reprodução

A notícia, na semana passada, de que o grupo Severiano Ribeiro tem a intenção de transformar em condomínio um tradicional complexo de salas de cinema de rua de Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, acendeu o sinal de alerta de críticos, jornalistas, produtores e ativistas culturais sobre outros espaços que podem estar na mira da especulação imobiliária.

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Na última quinta-feira (18), a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) publicou uma carta endereçada ao prefeito da cidade Eduardo Paes (PSD) para que o poder público intervenha com o objetivo de evitar o fechamento de mais salas de exibição do circuito de rua.

Segundo a ACCRJ, os cinemas cariocas sofreram "sequelas gravíssimas da pandemia", que levou ao fechamento de 16 salas em caráter definitivo ou em risco de extinção em um cenário que depende, ainda de acordo com a associação de críticos, "da articulação dos administradores dos circuitos exibidores com o governo municipal".

A presidente da ACCRJ, Ana Rodrigues, que assina o manifesto, lembra de salas como o Cine Roxy, em Copacabana, e o Odeon, um dos cinemas mais antigos da capital fluminense e que fica na Cinelândia, pertencentes ao grupo Severiano Ribeiro, mas que estão fechadas. Outro cinema de Copacabana, o Joia deixou de ter repasses da gestão do então prefeito Marcelo Crivella, por meio da RioFilme, e encerrou as atividades.

Diversidade cultural

Sob risco, estão também as salas do Estação Ipanema, do Barra Point, da Cândido Mendes e da Laura Alvim, as duas últimas em Ipanema, na zona sul do Rio. No alvo de Severiano Ribeiro, encontram-se também as cinco salas de exibição do Estação Rio, em Botafogo, caso que deflagrou o movimento de pessoas ligadas à cultura em defesa da manutenção dos espaços de exibição em ruas da cidade.

A ACCRJ explica que as salas de rua promovem a diversidade no acesso a filmes menos comerciais e mais dedicadas às produções independentes, ao cinema brasileiro e aos documentários. A carta cita os cinemas do Rio que estão em shoppings centers e que são voltados, na maioria das vezes, a produções de grande investimento comercial, como salas do grupo Severiano Ribeiro e as redes UCI, Cinépolis e Cinemark.

"Filmes premiados em festivais internacionais como Cannes e Berlim, e principalmente os filmes de baixo orçamento brasileiro, correm o risco de não serem exibidos no Rio de Janeiro. O Espaço Itaú de Cinema, que mescla os dois tipos de filmes, tem patrocínio do banco, o que garante a sua sobrevivência", diz trecho do manifesto em defesa do cinema de rua.

Edição: Eduardo Miranda