O diretor executivo do Programa de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, afirmou nesta terça-feira (9) que a batalha da Europa contra a covid-19 é uma “chamada de alerta” para o resto do mundo. Apesar de os principais países do continente estarem com médias de imunização em torno de 70%, o vírus não deixou de circular e os europeus têm enfrentado nas últimas semanas uma pandemia entre “não vacinados”.
Ryan afirma ainda que a alta de contaminação entre esse grupo deve servir de aviso àqueles que ainda resistem em aderir ao esforço de imunização. “É muito importante refletir sobre o exemplo da Europa, que representou mais da metade dos casos globais na semana passada. Mas essa tendência pode mudar (com a vacinação)” disse o especialista.
A recente aceleração nas infecções é atribuída à disseminação da variante delta. Diante do quadro, as autoridades europeias temem o pior com a aproximação do inverno, estação propícia à disseminação do novo coronavírus. Nesse sentido, vários países estão se preparando para retomar as medidas restritivas aplicadas anteriormente, antes das flexibilizações que vieram com o verão e o aumento da vacinação.
França e Alemanha
O presidente francês, Emmanuel Macron, determinou que idosos deverão tomar a dose de reforço, se quiserem estender a validade do passaporte sanitário. As novas regras passam a valer a partir da próxima segunda (15), para pessoas com mais de 65 anos. A comprovação de vacinação é exigida para o acesso a estabelecimentos como cafés, restaurantes, museus e teatros. Além disso, a obrigatoriedade do passaporte vacinal foi estendida pelo parlamento francês até 31 de julho de 2022.
Até o momento, 68,8% da população francesa está completamente imunizada, de acordo com o portal Our World in Data . No entanto, desde outubro o país vem registrando aumento das infecções, com taxa de incidência de 62 casos por 100 mil habitantes, acima do limite de alerta. “A Europa voltou a ser o epicentro da pandemia”, lamentou o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal.
A situação é ainda mais grave na vizinha Alemanha, onde, nesta segunda-feira (8), a taxa de infecção diária de covid-19 subiu para 201,1 casos por 100 mil pessoas. É a maior desde o início da pandemia. Isso apesar do avanço da vacinação, que também atinge 67,1%.
Para conter a transmissão, o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, anunciou que todos os cidadãos no país serão elegíveis para a dose de reforço da vacina, logo que se passem seis meses da segunda dose. “A quarta onda da covid-19 no país está agora em pleno vigor”, disse.
Reino Unido
Ao contrário de França e Alemanha, o Reino Unido tem resistido à volta de medidas restritivas, como uso de máscaras ou passes de vacinas. Um assessor do governo de Boris Johnson disse que o país “está muito longe” de cogitar novo confinamento durante o inverno. No entanto, apesar da queda de 16,6% na semana passada no total de novos casos, as mortes pela covid aumentaram 8,2% entre os britânicos.
Por lá, a imunização completa chegou a 69%, mas as autoridades apostam na dose de reforço para conter um novo avanço da doença. A terceira dose vem sendo aplicada em pessoas com mais de 50 anos, com comorbidades, profissionais da saúde e cuidadores de idosos.
Mais covid na Europa
Na Áustria, desde a semana passada, pessoas que não foram vacinadas estão impedidas de entrar em cafés, restaurantes e cabeleireiros. A partir do próximo final de semana, qualquer evento que reúna mais de 25 pessoas está proibido. Países como Rússia, Ucrânia e Grécia também voltaram a registrar recordes em novos casos. Já na Romênia e a Bulgária, preocupa a baixa taxa de imunização, de apenas 40% e 27%, respectivamente.
Covid no Brasil
No Brasil, 58,3% da população está completamente imunizada, ainda distante dos 80% recomendados pela OMS para conter a disseminação da covid-19, atrás de países como Camboja (86,5%), Malásia (75,1%) e Arábia Saudita (63,5%). Por outro lado, o estado de São Paulo foi o primeiro a alcançar, nesta terça-feira (9) o índice de 70% da população com o ciclo vacinal completo.
Nesse sentido, São Paulo e outros oito estados não registraram óbitos pela doença ontem. Especialistas relacionam o feito ao avanço da vacinação. “Sabemos que há variações no registro, sabemos que há atraso, sabemos de tudo isso… Mas que é uma ótima notícia, ah é… Obrigado vacina!”, comemorou o epidemiologista Pedro Curi Hallal, pesquisador e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Nesta terça, o Brasil registrou 183 óbitos confirmados pela covid-19, totalizando 609.756 desde o início do surto, em março de 2020. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), os novos casos confirmados nas últimas 24 horas chegaram a 10.948.
Com informações da Agência Brasil.