Mudanças climáticas

Meta de redução de emissões de CO2 anunciada por governo Bolsonaro na COP26 é a mesma de 2015

Coordenador do Observatório do Clima, Tasso Azevedo, analisa o início da Conferência do Clima, no Jornal Brasil Atual

Ouça o áudio:

Área desmatada da floresta amazônica em Lábrea (AM) - 15 de Setembro de 2021. Segundo o Inpe, em 2021, poderá ser ultrapassada pela 3ª vez no governo Bolsonaro, a marca de 10 mil km2 de desmatamento - MAURO PIMENTEL / AFP

Em sua participação por vídeo na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), nesta segunda (1), o ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite prometeu elevar a meta de corte de emissões de gases de efeito estufa do Brasil em 2030, de 43% para 50% em relação aos níveis de 2005.

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual Edição da Tarde, o coordenador técnico do Observatório do Clima, Tasso Azevedo, que participa da COP26, em Glasgow, explica que a proposta do governo Bolsonaro volta ao mesmo nível de compromissos que já haviam sido anunciados pelo Brasil em 2015, pelo governo de Dilma Rousseff.

A promessa feita pelo Brasil no Acordo de Paris em 2015, "significava um limite 1,2 bilhões de toneladas de carbono para 2030. E no ano passado, o governo anunciou que manteria a meta, mas colocou no texto que mudaria a base cálculo do ponto de origem da meta, que é uma redução em relação a 2005. Isso resultou num aumento do limite de emissões de até 400 milhões de toneladas de carbono até 2030”.

A COP26 recebeu chefes de Estado da maioria dos países de grandes economias para debater e negociar soluções de avanço na pauta de meio ambiente. Apenas o Brasil não teve seus líderes presentes. Nem o presidente Jair Bolsonaro, nem o seu vice Hamilton compareceram à cúpula.

Para o ambientalista, a ausência do presidente causou até certo alívio. “A presença do presidente nestes eventos só tem sido de constrangimento, ele não sabe se portar, ele não tem estatura para lidar com este tipo de situação [...]. E sinceramente, ninguém sente falta. É triste porque o Brasil é um país que sempre participou, não importa se era presidente mais pra direita ou mais pra esquerda. Sempre o Brasil teve um protagonismo e tratou (o tema) de maneira muito séria”, afirmou o ambientalista.

Nesta terça-feira (2), o Observatório do Clima lançou um relatório em que denuncia Jair Bolsonaro como "o negacionista climático mais perigoso do mundo". No relatório, a entidade denuncia o desmonte da fiscalização, os ataques aos direitos indígenas e a paralisação da política ambiental, entre outros, retrocessos promovidos pelo atual governo.

"Nenhum discurso verde pode apagar o fato de que, desde que Bolsonaro assumiu o cargo, uma área de floresta do tamanho da Bélgica virou cinza só na Amazônia. Ou que o Brasil foi provavelmente o único país do G20 a aumentar suas emissões de carbono no ano pandêmico de 2020", denuncia a entidade na apresentação do trabalho. 

Confira a entrevista na íntegra e outras notícias do dia no áudio acima

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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.

Edição: Mauro Ramos