Após a debanda de quatros secretários da Economia e rumores de que o ministro Paulo Guedes poderia deixar a pasta, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um comunicado a imprensa nesta sexta (22), e afirmou que tem "confiança absoluta" em Guedes.
"Deixo claro a todos os senhores. Esse valor [R$ 400] decidido por nós tem responsabilidade. Não faremos nenhuma aventura, não queremos colocar em risco nada no tocante à economia", afirmou o presidente em pronunciamento ao lado de Guedes, sobre o Auxílio Brasil, programa que irá substitui o Bolsa Família.
A declaração foi dada após uma visita presidencial, fora da agenda, ao gabinete do ministro.
No Boletim RBA, o jornalista Vitor Nuzzi comparou a postura do ministro Paulo Guedes a do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que ao ser desautorizado a compra da vacina chinesa, afirmou, também ao lado de Bolsonaro, "É simples assim: um manda e o outro obedece".
"O que ele está falando agora é o resultado de uma visita cordial do Presidente da República ao seu escritório. [...] Agora o Paulo Guedes está falando contra as suas convicções", analisa Nuzzi.
Teto de gastos
O anuncio da demissão dos secretários que comandavam a área fiscal do ministério da Economia nesta quinta-feira (21) ocorreu logo após uma manobra liderada pelo Centrão para abrir espaço no teto de gastos em 2022, ano de eleições gerais. O governo federal pretende gastar cerca de 40 bilhões de reais para financiar o novo benefício social "Auxílio Brasil", anunciado no valor de R$400.
Na coluna Plenos Poderes, o jornalista Rodrigo Vianna, comenta que a estratégia de Jair Bolsonaro de desfigurar o programa Bolsa família, e criar o Auxílio Brasil, é uma operação eleitoral de sobrevivência.
"A tentativa é de dizer assim para os aliados do mercado, de maneira bem pragmática, vocês querem que eu perca para o Lula? O meu único jeito de não perder para o Lula é aprovar um remendo de um projeto social. É evidente que o beneficio social é essencial, [...]. E é evidente que esse teto de gasto é uma excrescência que foi aprovada por essa gente. O teto de gastos está sendo rompido pelos motivos errados", disse Vianna.
Vianna também questionou a fala de Guedes em relação a supostos rumos da economia no Brasil: "estamos indo em direção a uma economia verde, digital no futuro", disse o ministro durante a coletiva. "Guedes fala sobre o relançamento da economia no Brasil, uma economia verde. Verde do quê? O Brasil hoje está desmoralizado do ponto de vista ambiental, só podemos falar em economia cinza, das queimadas. Guedes tá vivendo aonde? O discurso dele teve uma parte delirante", criticou o comentarista político do Brasil de Fato, Rodrigo Vianna.
*Com informações da RBA.
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Edição: Mauro Ramos