O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) cumpriu nesta quinta-feira (21) três mandados de busca e apreensão contra o ex-secretário Raphael Montenegro Hirschfeld e outros dois integrantes da antiga gestão da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do estado do Rio. São eles: Wellington Nunes da Silva e Sandro Farias Gimenes.
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Os elementos colhidos durante a operação, que foi realizada por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/RJ), serão juntados à investigação que apura se o ex-secretário do governador Cláudio Castro (PL) reebeu vantagem ilícita para autorizar a soltura de Wilton Carlos Rabelo Quintanilha, conhecido como "Abelha" e uma das lideranças do Comando Vermelho.
Os mandados desta quinta-feira foram expedidos pela 42ª Vara Criminal da Capital. Montenegro foi preso no dia 17 de agosto na Operação Simonia, que investiga a relação do então secretário com lideranças do tráfico, e solto cinco dias depois. A autorização que ele deu para que "Abelha" pudesse deixar o Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, ocorreu em 27 de julho.
Amizade
Ao ser posto em liberdade, o traficante possuía contra si um mandado de prisão preventiva. Imagens obtidas pela investigação mostraram “Abelha”, logo após ser posto em liberdade, caminhando pelas vias públicas próximas ao Gericinó, quando dele se aproximou o veículo Toyota Hilux SW4, de placa RJU3G91, escoltado por outro veículo. O ocupante do banco carona dianteiro o cumprimentou na ocasião, havendo informes indicando que este cumprimento partiu de Raphael.
A apuração informa, ainda, que Raphael, Wellington e Sandro estiveram na comunidade da Mangueira no dia seguinte à soltura de “Abelha” e foram recebidos pelo próprio líder do Comando Vermelho, havendo registros fotográficos do encontro. As investigações também indicaram que os três ex-dirigentes visitavam “Abelha” no Instituto Penal Vicente Piragibe, onde permaneciam em horários após o expediente.
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Comemoração
Dias antes de sua soltura, no dia 24 de julho, “Abelha” comemorou seu aniversário dentro do Instituto Penal Vicente Piragibe. A investigação aponta que houve entrada indevida de alimentos normalmente proibidos aos presos em geral, o que configura tratamento diferenciado que a então cúpula da Seap prestaria às lideranças do Comando Vermelho detidas no local.
Nesta quinta-feira (21), o MP-RJ também cumpriu mandados de busca e apreensão na sede administrativa da Seap, no Centro do Rio, na sede administrativa do Complexo de Gericinó e no Instituto Penal Vicente Piragibe, para a obtenção de elementos que auxiliem as investigações.
Edição: Eduardo Miranda