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RJ: Mais de 98 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica em 2020

Dossiê Mulher, divulgado pelo ISP, revela 78 casos de feminicídio; maioria dos crimes ocorreu dentro de casa

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Em 74% dos casos de feminicídio no Rio de Janeiro, as mulheres foram mortas em casa e, em 78% das vezes, o autor do crime era o companheiro ou ex - Fernando Frazão/Agência Brasil

O Dossiê Mulher 2021, divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, aponta que 98.681 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica no estado em 2020. 

O levantamento também mostra 78 casos de feminicídio com base em registros da Polícia Civil. Em ao menos 15 casos os filhos presenciaram o feminicídio da mãe. Em 74% dos casos, as mulheres foram mortas em casa e, em 78% das vezes, o autor do crime era o companheiro ou ex. 


Em 27 casos, o feminicídio foi cometido após uma briga / Arte: ISP

Nove vítimas tinham medida protetiva contra seus agressores. Ano passado, foram registrados 2.003 descumprimentos de medidas protetivas, uma média de cinco por dia. A maioria dos crimes ocorreu no interior do estado (42%), seguido pela Baixada Fluminense e a capital, a mesma ordem de localidades que mais registraram feminicídios.

Em relação ao meio empregado, o documento mostra que 41% dos feminicídios foram causados por faca, facão ou canivete, e 24,4% por arma de fogo. Em 27 casos, o feminicídio foi cometido após uma briga, e em outros 20, o autor não aceitou o término do relacionamento.

Violência doméstica

Mulheres entre 30 e 59 anos foram as maiores vítimas de todas as formas de violência, com exceção da violência sexual, na qual meninas de até 11 anos correspondem a 34% dos casos. Segundo o Dossiê Mulher, a cada cinco minutos uma mulher foi vítima de algum tipo de violência em 2020.

O dossiê também mostra que as mulheres negras continuam sofrendo mais que as brancas em todos os tipos de violência (física, sexual, psicológica e patrimonial). Assim como foi identificado em outras edições, a residência aparece como o local de maior incidência dos casos de violência (60,9%).

Marcela Ortiz, presidente do ISP, explica que houve uma queda no registro de violência doméstica em comparação com 2019 por conta do isolamento social.

"Apesar de haver a possibilidade de subnotificação por causa da pandemia, da impossibilidade de a vítima sair da própria residência, pela presença e controle do agressor, podemos destacar o aumento das medidas que dão mais proteção às vítimas, assim como a implementação de programas com o mesmo intuito, como a Patrulha Maria da Penha", disse em coletiva de imprensa. 

Estupro

O crime de mportunação sexual corresponde a 92% dos registros por violência sexual, seguida por assédio sexual (91%), registro não autorizado de intimidade sexual (90%), tentativa de estupro (89%), divulgação de cena de estupro (88%) e estupro (86%). Houve uma queda de casos de violência sexual de 15% em relação a 2019. Mesmo assim, a estatística é alta: 4.036 casos.

Em 2020, além de ter sido registrado o segundo menor número de vítimas da série histórica (4.086), houve o decréscimo de 12,9% em relação ao ano anterior.

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Por outro lado, o levantamento mostra que as meninas estão mais expostas a esse tipo de crime do que as mulheres. No ano de 2020, 2.754 meninas foram vítimas de estupro de vulnerável, enquanto 1.332 mulheres foram vítimas de estupro. Isso significa que por dia, em média, sete meninas e três mulheres foram vítimas de estupro de vulnerável e de estupro, respectivamente.

Edição: Clívia Mesquita