Se o Nobel está preocupado com liberdade de imprensa, por que não Snowden, Assange e Manning?
*Cuba Linda
O Comitê Norueguês do Prêmio Nobel da Paz concedeu o prêmio de 2021 a dois jornalistas, Maria Ressa e Dmitry Muratov. Assim, as mais de 200 indicações, vindas de personalidades credenciadas, membros de governos, parlamentares, universitários e detentores de prêmios Nobel, de mais de 35 países nos cinco continentes, não terão sido suficientes para que o Comitê do Nobel ouça a mensagem enviada a ele pelos povos de todo o mundo.
Por mais de 15 anos, e especialmente durante a pandemia do novo coronavírus, uma organização médica levou sua ajuda generosa a todos os cantos do planeta, salvando milhares de vidas: o Contingente Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastre e Epidemias Graves "Henry Reeve" de Cuba.
Em 2020, mais de 3.900 médicos e técnicos de saúde deixaram a ilha para ajudar em mais de 40 países contra a pandemia da covid-19, e mesmo no seio da Europa, os povos e todos os amantes da Justiça levantaram-se para dizer alto e bom som que ninguém merecia o Prêmio Nobel da Paz em 2021 mais do que o contingente Henry Reeve de Cuba.
Porque, como disse o deputado François-Michel Lambert em sua carta de nomeação ao Comitê do Nobel: "Com o trabalho altruísta e humanístico das Brigadas Médicas Henry Reeve, o direito à saúde é reconhecido para todos, o direito à paz baseado na solidariedade e cooperação entre povos e nações, independentemente das diferenças de sistemas políticos e respeito às culturas e tradições".
Mas o Comitê de Oslo não decidiu assim e atribuiu o prêmio à jornalista americana-filipina Maria Ressa e ao russo Dmitry Muratov por "sua corajosa luta pela liberdade de expressão" em seus respectivos países, nas Filipinas e na Rússia. Maria Ressa e Dmitry Muratov "são os representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal em um mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais desfavoráveis", disse o presidente do Comitê do Nobel, Berit Reiss Andersen em Oslo.
Se o Comitê do Nobel está tão preocupado com a liberdade de imprensa, por que não se preocupar com Edward Snowden, Chelsea Manning ou Julian Assange, que está arriscando sua vida na prisão pelo direito à informação? Preferiram recompensar uma ex-jornalista da CNN, Maria Ressa, que foi homenageada especialmente pela revista Time e toda a imprensa corporativa que designa os mocinhos e os bandidos de acordo com os slogans de Washington.
Claro, e repetiremos, lançamos este apelo pela entrega deste simbólico Prêmio Nobel às Brigadas Henry Reeve de Cuba para conter a embaraçosa campanha midiática que os Estados Unidos e sua mídia acabam de lançar contra os médicos cubanos e, mais amplamente, contra Cuba.
Tínhamos poucas ilusões sobre um corpo que concedeu o Prêmio Nobel da Paz mais de uma vez a inimigos da paz e até mesmo a criminosos de verdade. Teríamos o prazer de ser agradavelmente surpreendidos, mas sem surpresa, eles preferiram desacreditar a si próprios e desacreditar mais uma vez a vontade de Alfred Nobel.
Mas a campanha pelo Prêmio Nobel das Brigadas Médicas Henry Reeve de Cuba gerou um tremendo impulso do movimento de solidariedade e de todos os amigos de Cuba no mundo que se levantaram para unir todos os seus esforços e divulgar a obra do Contingente Henry Reeve e mais amplamente o magnífico trabalho da solidariedade internacionalista da Revolução Cubana.
A campanha do Nobel promoveu e ampliou numerosas plataformas e coordenações do movimento de solidariedade com Cuba a nível internacional, e hoje continua com dois objetivos importantes: ganhar a guerra midiática contra a propaganda dirigida pelos inimigos da revolução cubana e alcançar o fim do bloqueio genocida dos Estados Unidos contra Cuba.
Como disse o presidente Díaz-Canel, "o povo há muito dá o Nobel às Brigadas".
Viva a solidariedade entre os povos!
Viva Cuba!
Equipe Cuba Linda
Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba
**Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Eduardo Miranda