O projeto "Do fogo que arde em nós" vai divulgar e fomentar a produção literária de autoras negras do Rio Grande do Sul em um livro virtual (e-book) que conta com quatro poetas selecionadas a partir de uma chamada pública. Com previsão de lançamento para o final de setembro, a coletânea busca destacar a forte presença de autoras negras no campo da literatura.
As quatro selecionadas trazem diversidade em suas escritas: do slam poesia, à escrita do rap, à poesia mais tradicional, aos relatos de pesquisa acadêmica com escrevivências. Agnes Mariá é artivista, escritora, educadora, musicista, produtora, compositora e slammer. Claudia Daiane Garcia Molet é sambista, compositora, enredista, professora e pesquisadora. Eliana Marah é poeta, professora Doutora em Letras. Pérola Negra é artista independente e rapper.
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A publicação será disponibilizada através do e-book e portal virtual, apresentando quinze textos de cada autora selecionada. De autoria da jornalista e produtora cultural Ediane Oliveira, o projeto foi aprovado no edital Diversidade das Culturas, na categoria Literatura da Fundação Marcopolo, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc.
O site do projeto ainda está em construção e em breve estará disponível. Mais informações no Instagram.
Título remete à poema de Conceição Evaristo
O título do projeto remete e homenageia a obra da escritora Conceição Evaristo. Segundo a organização do projeto, esse referência expressa o espírito coletivo da resistência, do saber e da subjetividade feminina negra, descrita no poema “Do fogo que arde em mim”. Lembra também que Evaristo também é conhecida por cunhar o conceito poético-político "escrevivências", o qual a autora sugere como uma escrita comprometida com a condição de mulher negra em uma sociedade marcada por discriminações de gênero, raça, classe e sexualidade.
De acordo com a idealizadora e organizadora do e-book Ediane Oliveira, a divulgação e a visibilização da escrita de mulheres negras a partir dos seus processos criativos é fundamental de ser valorizado.
“O espaço da literatura para mulheres negras ainda é um campo a ser ocupado cada vez mais por nós. Há, sobretudo, uma enorme diversidade de escrita feminina negra, através de slammers, MCs, poetas e pesquisadoras. Estamos produzindo constantemente uma escrita criativa, poética e potente através das nossas escrevivências”, pontuou.
A ideia também nasceu da pesquisa de mestrado em Antropologia, em que Ediane pesquisou experiências e epistemologias de mulheres negras em Pelotas e pôde conviver com os saberes de três interlocutoras que são referências na cultura e no saber griô, como a Dona Sirley Amaro (mestra griô e contadora de histórias), Ernestina Pereira (ativista política e sindicalista) e Maria Baptista (expoente na divulgação do sopapo).
Além da do e-book, o projeto prevê a criação de um site com divulgação de outras poetas negras do Sul, especialmente as que se inscreveram e não foram selecionadas. O projeto tem coordenação editorial e organização de Ediane Oliveira. O projeto gráfico, capa e identidade visual são de Priscila Lampazzi.
Autoras negras do Sul que quiserem enviar suas poesias e escrevivências podem encaminhar para o e-mail: [email protected].
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira