A edição extra do Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgada na última quarta-feira (22), aponta para uma tendência de queda no indicador de ocupação de leitos de UTI de covid-19 para adultos. De acordo com os dados obtidos em 20 de setembro, apenas o estado do Espírito Santo e o Distrito Federal permanecem na zona de alerta intermediário com, respectivamente, 65% e 66% dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva ocupadas para tratar pacientes infectados pelo coronavírus.
O levantamento da Fiocruz aponta também que entre as capitais, a cidade do Rio apresentou redução no indicador saindo da zona de alerta crítico, com mais de 80% dos leitos ocupados, para o intermediário.
No município, observou-se uma redução de 82% para 75% de leitos ocupados. A melhora foi observada também em Boa Vista, que foi de 76% para 58% e Curitiba que reduziu a ocupação de 64% para 58%. A piora ocorreu na capital do Espirito Santo, em Vitória, onde houve um aumento de 55% para 65% nos leitos de UTI ocupados para covid-19.
Leia mais: Penitenciária feminina suspende visitas após aumento de casos de covid-19
Dados represados
O Boletim destaca ainda que no fim da Semana Epidemiológica 37 (12 a 18 de setembro) houve um aumento abrupto do número de casos de covid-19 notificados no sistema e-SUS. Segundo o estudo, foram registrados naquela semana 241.161 casos, cerca de 16% a mais que nas duas semanas anteriores. Informações disponíveis na imprensa e apurações realizadas pelo Observatório Covid-19 Fiocruz indicam que eram registros que estavam retidos, o que afetou principalmente os estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
No Rio de Janeiro foram notificados cerca de 100 mil casos excedentes em apenas um dia, que se referem a eventos ocorridos há meses, se considerada a data de início dos sintomas. Já em São Paulo foram registrados cerca de 45 mil em dois dias, que contrabalançaram os valores extremamente baixos verificados na semana anterior.
Segundo a Fiocruz, os dados novos contribuíram para o aumento da média nacional de casos, mas não podem ser considerados como uma reversão de tendência da pandemia.
“Esse episódio serve como alerta para questões importantes relacionadas ao fluxo e oportunidade dos dados e suas consequências para a tomada de decisão. O atraso na inclusão dos registros relacionados às semanas anteriores contribuiu para uma subestimação dos indicadores de transmissão da doença e de casos, principalmente nesses estados, tendo como um dos resultados possíveis a flexibilização de medidas sem respaldo em dados”, observam os pesquisadores.
Leia mais: Prefeitura do Rio vacina contra a covid-19 nesta quarta adolescentes de 13 anos
Os pesquisadores alertam ainda que, após a fase aguda da pandemia, é preciso que o país se prepare para o enfrentamento da covid-19 a médio e longo prazo. O que envolve tanto considerar o passivo assistencial durante a pandemia, que é de elevada magnitude e exige do sistema de saúde se organizar para dar respostas eficientes, como também a continuidade do uso de máscaras e de certas medidas de distanciamento físico frente à perspectiva de se conviver com a covid-19 como uma doença endêmica por um longo período.
Edição: Jaqueline Deister