É um ritmo contagiante, que ferve dentro da gente e causa um rebuliço danado
A edição de hoje (22) do Radinho BdF vem cheia de animação homenagear um ritmo musical e uma dança que são patrimônios imateriais do Brasil: o Frevo, estilo centenário típico do Recife, em Pernambuco, que já reúne admiradores de todas as idades. Por isso, crianças passistas de Pernambuco, que se dedicam a manter viva essa tradição cultural brasileira, assumem o microfone e contam tudo o que sabem sobre esse estilo de dança e música.
“É um ritmo contagiante, que ferve dentro da gente e causa um rebuliço danado”, define o passista Heitor Vieira, de 11 anos. “O Frevo é uma das melhores danças. Mexe com o seu sentimento. Você vai para o carnaval, desce as ladeiras dançando, é bom demais”, contou o também passista Abner Herculano de Almeida Silva, que tem 13 anos e mora em Recife.
No mês de setembro o frevo tem uma data especial na qual é celebrado: o dia 14, em uma referência ao nascimento do jornalista Oswaldo Oliveira, quem pela primeira vez registrou no jornal o nome dessa expressão cultural que já estava na boca e nos pés do povo. Apesar disso, o Frevo também é celebrado em 9 de fevereiro, em pleno carnaval.
De onde vem o Frevo?
O ritmo é agitado e arrasta multidões pelas ruas de várias regiões do país, principalmente da região Nordeste, onde a música e a dança tiveram origem, no século 19. Foi nesta época que o carnaval começou a ganhar mais cores e ritmos por causa da presença de novos grupos nas festas populares.
“O Frevo começou através dos capoeiristas, que lutavam e dançavam. Para disfarçar a luta eles fingiam dançar, mas com movimentos de guerra”, conta a passista Íris Beatriz Freire da Silva, de 12 anos. “O ritmo era tocado pelas bandas marciais e se originou do maxixe, da polca, das marchinhas de carnaval e da capoeira”, completou Ana Luísa de Morais, de 14 anos.
Os capoeiristas também eram conhecidos como caxinguelês. Eles protegiam os bombos, instrumentos usados para animar e dar o ritmo da brincadeira. Naquela época era tradição tentar rasgar os bombos da banda rival, contando para isso com a ajudinha de um guarda-chuva.
Com o passar o tempo, ele diminuiu de tamanho, virou uma sombrinha e passou a compor o figurino a do Frevo, com as cores da bandeira de pernambuco: azul, vermelho, amarelo e verde. O objeto também ajuda a dar equilíbrio para que o passista consiga executar os mais de 200 passos da dança, caracterizados por serem muito rápidos.
De todos e para todos
Uma das principais características do Frevo, seja da dança ou da música, é a possibilidade de incluir pessoas de diferentes faixas etárias, classes sociais, etnias e locais de moradia. Todo mundo é bem-vindo no Frevo, como conta o coordenador de dança no Museu do Frevo, Jeferson Figueiredo.
“O Frevo é uma é uma dança negra, com o recorte dos corpos negros. São trabalhadores que estavam na rua após a abolição da escravidão fazendo festas. Então ele tem essa característica de enfrentamento, de transgressão, de embate. É um lugar muito grande, onde cabe todo mundo.”
O estilo acolhe desde as troças, que são os passistas sem dinheiro para comprar as fantasias luxuosas, até os grandes blocos, como o Galo da Madrugada, considerado o maior bloco de carnaval do país.
Bora dançar?
Na brincadeira de hoje, as crianças são convidadas a experimentarem alguns passos de Frevo. A pesquisadora de culturas tradicionais brasileiras, Andrea Soares, ensina passo a passo como as crianças podem executar em casa os movimentos iniciais da dança.
E para praticar, as crianças podem curtir a Vitrolinha BdF mais dançante de todos os tempos, ao som dos frevos Vassourinhas, Cabelo de Fogo, Fogão e Arlequim, além do Hino do Galo da Madrugada e da música Frevo Dengoso, de Alceu Valença.
Para encerrar, a criançada embarca em uma disputa pra lá de difícil: quem é mais luxuosa para brincar o carnaval, a sombrinha de frevo ou a sombrinha japonesa? Escute com atenção e reflita sobre os argumentos de cada uma, contados pela cordelista Susana Morais.
Sintonize
O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.
Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.
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Edição: Sarah Fernandes