Paraná

Violência policial

Manifestantes e familiares pedem justiça por Mateus, morto em ação da Guarda Municipal

Entre os pedidos feitos no ato: a divulgação das imagens das câmeras do Largo da Ordem local do crime.

Curitiba |
Protesto contra a ação violenta da Guarda Municipal que levou à morte o jovem Mateus Noga, 22 anos. - Giorgia Prates

No último domingo, 12/09, uma ação da Guarda Municipal de Curitiba para dispersar aglomeração no Largo da Ordem, centro da cidade,  resultou na morte de Mateus Noga, 22 anos, que ali estava celebrando sua carteira de motorista com os amigos. Foram mais de 9 tiros de arma letal disparados pela Guarda Municipal e que atingiram o corpo do jovem. Pedindo por justiça, manifestantes, familiares e amigos da vítima realizaram um protesto, neste sábado, 18/09, no local do crime. O caso está sendo investigado.

Manifestantes levaram cartazes de repúdio à violência da Guarda Municipal de Curitiba e também pedidos de justiça e posicionamento do Prefeito de Curitiba que silenciou sobre o assunto. Muitos jovens ali presentes também seguravam flores e velas em memória de Mateus. A família do jovem expressou sua revolta e o pedido à Prefeitura que seja feita a divulgação das imagens das câmeras do Largo da Ordem, para que os culpados sejam penalizados.  

Fazendo uso da palavra, Nivaldo Noga, tio de Mateus, disse que a família quer justiça e providências para que mais nenhum jovem tenha sua vida subtraída por causa do despreparo da polícia.  “Meu sobrinho foi alvejado com 10 balas, sendo que nove atingiram todo o seu corpo. Nossa família quer justiça, a verdade e perguntamos quem matou Mateus. E o que será feito para que outros jovens não sejam abatidos de forma tão covarde. Uma agressão pelas costas com calibre 12! Uma ação incompatível com a vida e com o que acontecia naquele dia,” disse.

Nivaldo estava no Lardo da Ordem quando tudo aconteceu. “Eu sou freqüentador do Largo da Ordem e estava neste dia trágico, mas não junto do Mateus. Eu estava posicionado perto da Igreja e em um dado momento vi um casal brigando e muitas pessoas foram tentar apaziguar a situação. Neste exato momento, uma viatura da Guarda Municipal parou e policiais desceram com cassetetes na mão e com isso aconteceu uma dispersão voluntária das pessoas. Porém, um terceiro policial começou detonar balas, que achei que erma de borracha. Mas, eram de calibre 12. Com certeza, as câmeras do local registraram tudo.” A família de Mateus vem solicitando a divulgação das imagens registradas no local.


Nivaldo Noga, tio de Mateus, morto a tiros pela Guarda Municipal de Curitiba. / Giorgia Prates

A Vereadora Carol Dartora e o Vereador Renato Freitas, ambos do PT, também participaram do protesto e destacaram que lutarão para que a política da violência principalmente contra jovens da periferia cesse em Curitiba. “Foi um assassinato. Tiraram a vida do Mateus de forma sem sentido, estúpida. Estamos aqui denunciando essa violência da Guarda Municipal que se repete. Uma violência que se alia a política higienista do Rafael Greca contra o jovem periférico," disse Carol Dartora.

Renato Freitas reiterou a revolta de todos com o despreparo e a prática violenta da Guarda Municipal. “Esse aqui é um local histórico da cidade, faz parte do cartão postal, está no centro de Curitiba e eles atiram pelas costas e para matar, como se fosse o correto a fazer. Curitiba tem a quinta polícia mais violenta do Brasil. Isso vai parar porque as manifestações continuarão,” disse.

O Vereador propôs dois projetos de lei que buscam garantir melhorias para a Segurança Pública de Curitiba. O primeiro deles é sobre uso de câmeras corporais e GPS por membros da Guarda Municipal. O objetivo é reduzir as situações em que há uso excessivo de violência como forma de proteger tanto a população quanto os próprios agentes da guarda. O segundo projeto é sobre a instituição de um programa de acompanhamento psicológico e de exames toxicológicos periódicos para os membros da Guarda Municipal – possibilitando e acompanhando o tratamento dos agentes, como forma de garantir uma Guarda Municipal com plena saúde mental, prestando um serviço público de segurança de melhor qualidade.

A Guarda Municipal alegou que foi chamada para controlar uma briga e que, quando a equipe chegou, foi recebida com garrafas de vidro. Os guardas relataram que "reagiram à agressão.”

Edição: Ana Carolina Caldas