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No setembro amarelo, Programa Bem Viver debate como ajudar a prevenir suicídios

Acolhida para familiares e ressignificação do luto são temas fundamentais para superar problema, segundo especialista

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É preciso que toda sociedade esteja atenta para além do Setembro Amarelo, pois o suicídio nos toma enquanto cotidiano
É preciso que toda sociedade esteja atenta para além do Setembro Amarelo, pois o suicídio nos toma enquanto cotidiano - Agência Brasil
É preciso estarmos atentos aos 3Ds: desesperança, desamparo, e desespero

No setembro amarelo, mês dedicado a prevenção de suicídios, o Programa Bem Viver debate este problema sensível e preocupante, como uma forma de incentivar a sociedade a falar sobre ele. Combatendo tabus é possível ajudar pessoas em sofrimento, preservar vidas e acolher familiares e amigos de vítimas de suicídio em seu luto, segundo especialistas.

Um deles é a psicóloga Adriana Carneiro, doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, entrevistada no Programa Bem Viver hoje (10), dia em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) celebra, desde 2003, o dia de prevenção ao suicídio. Para ela, a melhor forma de prevenir é debater o tema e torná-lo um assunto de rodas de conversa.

“O suicídio é algo mais comum do que se imagina, mas não é falado. Há tanto tabu em volta do tema que não conseguimos falar sobre isso. A sociedade precisa parar para pensar nisso de forma mais ativa, para que possamos ter medidas efetivas para reduzir o número de suicídios”, pontuou, lembrando que os sistemas de saúde e os profissionais que neles trabalham precisam estar mais preparados para receberem e encaminharem pessoas em sofrimento psíquico.

Segundo a especialista, não é um único fator que leva ao suicídio, mas sim um conjunto de variáveis, que precisam ser observadas com atenção e respeito. “Nossa sociedade sempre tenta ter uma causa para tudo, em uma leitura simplista que nos priva de pensar no que deveríamos. O suicídio é só a ponta do iceberg”, disse. “Vários fatores contribuem, como a sexualidade, abusos sexuais, transtornos psiquiátricos e problemas econômicos e sociais. É preciso estarmos atentos aos 3Ds: desesperança, desamparo, e desespero. Com esses três fatores juntos, a chance de morrer por suicídio é maior”.

Na opinião dela é urgente olhar com atenção para famílias e amigos de pessoas que morreram por suicídio, que em geral precisam de apoio profissional para superar o luto, marcado majoritariamente pelo sentimento de culpa. Da mesma forma, é preciso combater estigmas sobre as pessoas que cometeram ou tentaram cometer suicídios.

“Os principais são associados a fraqueza, quando na verdade pensar em suicídio é um ato de desespero. A pessoa não quer morrer porque decidiu isso, mas porque está com tanta dor dentro de si que não vê outra saída”, disse. “É preciso observar as razões para viver. Muitos agem pelo desespero, mas muitos ainda tem esperança. Olhar para ela talvez já dê resultado.”

Mandioca

O Programa Bem Viver vai para Cascavel, no interior do Paraná falar de uma conquista que tem orgulhado agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): eles inauguraram a primeira agroindústria orgânica de beneficiamento mandioca do país, um projeto que une desenvolvimento tecnológico e práticas sustentáveis de manejo da terra.

O projeto é resultado de um longo debate e de investimentos dos integrantes do acampamento Resistência Camponesa. O trabalho de base dos agricultores segue o mesmo: eles plantam, colhem e descascam a mandioca. Ela então é transportada para a agroindústria, onde será lavada, classificada, pesada e empacotada. A produção vai virar merenda por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além de ser direcionadas a feiras e mercados.

Marco temporal

Ontem (9) o relator da ação jurídica do marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin, concluiu oficialmente seu voto contra a medida. Em uma fala de mais de 300 minutos, ele criticou a tese, argumentando que é direito dos indígenas usufruírem as terras por eles ocupadas, independentemente do tempo em que estão no local.

Após o voto de Fachin, o julgamento foi mais uma vez foi interrompido. Ele será retomado pela sexta vez. Quem começa a sessão votando será o ministro Kassio Nunes Marques.

Indígenas de diversas etnias seguem acampados em Brasília para pressionar os ministros contra a aprovação do marco temporal, um entendimento jurídico pelo qual os indígenas só poderiam reivindicar a permanência em terras ocupadas por eles a partir da promulgação da constituição de 1988.

Estava prevista também para ontem a segunda Marcha das Mulheres Indígenas, que acabou remarcada para hoje. Segundo a organização do evento, o clima é de muita insegurança nas proximidades do acampamento indígena, localizado próximo à Fundação das Artes (Funarte), na região central de Brasília.

Por conta das manifestações antidemocráticas de 7 de setembro, grupos radicais bolsonaristas ainda estão na capital federal e já ameaçaram integrantes da marcha e outros indígenas acampados. Desde a semana passada, circulam vídeos em redes sociais de pessoas afirmando que vão atacar o acampamento. No 7 de setembro, antes dos atos, indígenas acampados relataram que um grupo de 10 pessoas foi até o local e intimidou o movimento, mostrando armas e xingando os integrantes.

A marcha é promovido pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, e tem o apoio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). O movimento encerra amanhã (11).

Resistência indígena no México

O Bem Viver vai ao México falar de uma mobilização indígena que há um mês ocupa a fábrica de uma multinacional de engarrafamento de água, vinculada à marca Danone. O movimento indígena denuncia que as perfurações realizadas pela empresa para sugar água dos aquíferos tem provado crise hídrica para as populações locais.

Neste um mês de ocupação, o movimento já criou um espaço chamado de “Casa dos Povos”, onde debatem o direito à água, fazem oficinas e decidem coletivamente os próximos passos do movimento. Segundo os organizadores, ainda este mês deve ser instalada no local uma rádio comunitária.


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Edição: Sarah Fernandes