ATO ANTIDEMOCRÁTICO

Caminhoneiros fazem paralisação em 15 estados e Bolsonaro diz que ação "atrapalha economia"

Bolsonaristas bloqueiam vias em todas as regiões do país; Ministério da Infraestrutura divulgou boletim na madrugada

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

Ouça o áudio:

Imagem da greve dos caminhoneiros de 2018 mostra manifestante com bandeira do Brasil à beira de estrada - Carl de Souza/AFP

O Ministério da Infraestrutura divulgou boletim sobre a situação de bloqueios feitos por caminhoneiros bolsonaristas nas estradas e informou que, às 0h30 desta quinta-feira (9), foram registrados pontos de concentração em rodovias federais em 15 estados.

Os estados citados pelo ministério, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), são: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia. Maranhão, Roraima, São Paulo e Pará.

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As paralisações dos caminhoneiros começaram durante as manifestações antidemocráticas do Dia da Independência, na terça-feira (7). Eles seguem protestando mesmo após o fim dos atos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As pautas não foram divulgadas de forma clara por líderes e associações.

Organizações sindicais e da categoria dos caminhoneiros têm refutado a ideia de que os protestos demandem melhores condições para os trabalhadores. Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da categoria e presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), disse que os manifestantes representam parcela ínfima dos caminhoneiros e não têm relação com a pauta da categoria.

Bolsonaro gravou um áudio, na noite de quarta (8), pedindo que os caminhoneiros que fazem manifestações liberem as estradas. Na mensagem, diz que os bloqueios “atrapalham a economia”. O presidente teve o pedido reforçado pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

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“Fala aí para os caminhoneiros que são nossos aliados, mas esses bloqueios atrapalham nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação. Prejudica todo mundo, em especial os mais pobres”, diz Bolsonaro, no áudio que circula nos grupos dos caminhoneiros no WhatsApp e teria sido enviado pelo presidente a um dos líderes da categoria.

“Deixa com a gente aqui em Brasília. Não é fácil negociar, conversar por aqui com outras autoridades, mas a gente vai fazer nossa parte, vai buscar uma solução para isso”, afirma o presidente, na mensagem.

No fim da noite dessa 4ª feira (8), Tarcísio de Freitas enviou um vídeo aos caminhoneiros confirmando a autenticidade do áudio de Bolsonaro e reforçando o apelo pela liberação das estradas: "O áudio [do presidente Jair Bolsonaro] é real, é de hoje e mostra a preocupação do presidente com a paralisação dos caminhoneiros. Essa paralisação ia agravar efeitos da economia de inflação que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis”.

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“A gente sabe que há uma preocupação de todos com a melhoria da situação do país e com a resolução de problemas graves, mas a gente não pode tentar resolver um problema criando outro e principalmente prejudicando os mais vulneráveis. […] Vamos confiar nesta condução, no diálogo e vamos em frente”, diz Tarcísio.

Edição: Vivian Virissimo