Estudantes, lideranças políticas e sindicais, sociedade civil e diversos movimentos populares ocuparam as ruas do centro do Rio de Janeiro nesta terça-feira (7), feriado do Dia da Independência, e fizeram a maior manifestação em volume de pessoas do tradicional "Grito dos Excluídos", que chegou ao seu 27º ano.
O ato, que teve início na Avenida Presidente Vargas e percorreu a Avenida Rio Branco até a Praça Mauá, reuniu mais de 30 mil pessoas, segundo as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que se juntaram à organização junto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras centrais sindicais.
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Diante dos atos antidemocráticos e golpistas favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que ocorreram neste feriado, os manifestantes e lideranças do Grito dos Excluídos reafirmaram a necessidade de as frentes democráticas e progressistas estarem nas ruas para pedir o impeachment do presidente da República.
Para Maíra Marinho, da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude no Rio, o "7 de Setembro" marca um dia de luta e questionamento de uma independência forjada pelas elites brasileiras. Ela afirmou que o Grito dos Excluídos existe para provar que um outro projeto de país é possível.
"A juventude está compondo o 27° Grito dos Excluídos porque o povo brasileiro não aguenta mais esse governo genocida que mata pela bala, pela fome e pelo vírus. A carestia voltou a ser uma realidade para o povo brasileiro depois de muitos anos. Essa culpa é do governo Bolsonaro, que prefere manter o privilégio das elites em detrimento do povo trabalhador", disse Maíra.
Partidos na rua
O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio, Tiago Santana, também chamou a atenção para a responsabilidade dos partidos de esquerda de integrarem nas ruas a força contra Bolsonaro. Ele fez menção ao ato a favor do governo em Copacabana, na zona sul da capital fluminense, também na manhã desta terça.
"Nessa condição que o país vive é muito importante os partidos estarem presentes. O PT sempre esteve presente por aqueles que não são lembrados, os pobres, os miseráveis. O Grito dos Excluídos é a favor da inclusão e pelo 'Fora Bolsonaro'. Lá em Copacabana estão os privilegiados, aqui está o povo", afirmou Santana.
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Ao longo do trajeto, manifestantes pediam em cartazes e gritavam contra a política de saúde que provocou a morte de quase 600 mil mortes por covid-19, contra o desmonte da educação, da cultura e do Sistema Único de Saúde (SUS). O vereador Tarcísio Motta (Psol) chamou Bolsonaro de genocida e disse que a independência só poderá ser pensada sem o presidente no poder.
"Estamos ao lado dos excluídos da História, dos excluídos dos direitos. A gente está nas ruas porque a gente quer comida, saúde, educação, cultura. A independência de fato só virá com esses direitos garantidos. Sonhamos e queremos um mundo melhor. E com o genocida que está no Palácio do Planalto o povo continuará excluído e a independência não virá", observou o vereador.
Professora do Cefet-RJ, escritora e primeira suplente do PT na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Elika Takimoto afirmou que é preciso vencer o medo e enfrentar nas ruas o governo federal.
"Existe, sim, um clima de medo hoje, mas esse medo não pode nos desmobilizar. Tudo o que eles querem é nos calar. É necessário mostrarmos a nossa força, a nossa resistência para enfrentar Bolsonaro", ressaltou.
Edição: Jaqueline Deister