A movimentação política para a sucessão do Palácio da Guanabara já começou. A eleição é só no ano que vem, mas o tabuleiro de xadrez já está se desenhando com diversas possibilidades para a disputa do pleito no estado fluminense.
Além do próprio governador Claudio Castro (PL), candidato à reeleição, alguns nomes como o deputado federal Marcelo Freixo (PSB); o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT) e o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, que poderá disputar a eleição no ano que vem pelo PSD, figuram entre as principais possibilidades na corrida pelo comando do estado do Rio de Janeiro.
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O Brasil de Fato conversou com Darlan Montenegro, cientista político e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) sobre o cenário político, as candidaturas que apresentam maior chance e os desafios para quem ocupar o cargo de governador do Rio.
Na avaliação de Montenegro, o deputado federal Marcelo Freixo é um dos nomes favoritos do campo progressista. Bem avaliado nas últimas pesquisas, Freixo tem buscado construir alianças mais amplas para derrotar o bolsonarismo no Rio de Janeiro. O desafio para o parlamentar, segundo o cientista político, está em conquistar um eleitorado que não é familiarizado com a sua agenda.
“Ele precisa entrar em setores que, de uma maneira geral, são refratários a certas questões as quais ele está relacionado historicamente como as políticas relativas às minorias, por um lado e como a defesa dos direitos humanos, por outro. A direita explora muito isso dizendo que a defesa das minorias é a destruição da família e que defender direitos humanos é defender bandido. O Freixo precisa conseguir reconstruir a imagem dele em relação a essas questões”, explica.
Outros nomes
Para o pesquisador,a candidatura do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), também tem potencial no campo progressista, mas com alcance reduzido no estado, principalmente, por estar vinculada a Ciro Gomes (PDT).
“A principal limitação de Rodrigo Neves é que ele tem se associado à candidatura presidencial de Ciro Gomes, enquanto que o Freixo tem uma probabilidade muito grande de ser o candidato do ex-presidente Lula, que concorre a eleição no ano que vem. E Lula lidera todas as pesquisas com ampla vantagem. Ele [Rodrigo] é um nome com chance. Dependendo dos arranjos nacionais, pode até se tornar o principal candidato progressista no Rio, mas é difícil, muito provavelmente, vai ser Freixo”, aponta o professor da UFRRJ.
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Montenegro chama a atenção também para a movimentação política do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Segundo o pesquisador, dificilmente Paes disputará a eleição para o governo do Rio, mas o chefe do executivo da capital possui alta popularidade e o seu apoio pode fortalecer candidaturas.
“A posição do Eduardo Paes importa porque ele tem popularidade e vai influenciar o processo. O candidato apoiado por ele tende a ser um candidato com alguma força. Agora, provavelmente, se for realmente o Felipe Santa Cruz, dificilmente será o favorito, mas pode vir a ter força e surpreender também, porque tem a máquina, tem o prefeito”, comenta Montenegro que especula ainda para a posição de Paes num possível segundo turno.
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“A movimentação do Paes é decisiva, principalmente por conta de algum tipo de acordo que ele possa fazer com o deputado Marcelo Freixo pode ser decisivo para uma vitória do parlamentar. Um acordo que talvez seja muito difícil no primeiro turno, mas que no segundo pode acontecer a depender, evidentemente, de quem for o outro concorrente”, ressalta.
Rio “colapsado”
O estado do Rio vive uma crise econômica que foi agravada pela pandemia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego no Rio é de 19,4%, superior a média nacional que soma 14,7%.
Para Montenegro, além dos problemas socioeconômicos enfrentados pelo próximo nome a assumir o Palácio Guanabara, há o desafio de combater o crime organizado que atingiu a política fluminense.
“Um governador do campo progressista vai enfrentar principalmente as dificuldades da crise econômica, do desemprego, da miséria que se espalhou pelo Brasil inteiro, mas o estado do Rio tem sido particularmente muito afetado e vai ter que enfrentar a presença do crime organizado na política, esse é um tema bastante complicado na política fluminense”, avalia.
Edição: Mariana Pitasse