Nesta sexta-feira (27), o Congresso peruano outorgou o voto de confiança ao gabinete de ministros de Pedro Castillo. Com 73 votos favoráveis e 50 contrários, o chefe de Estado poderá seguir sua gestão sem novas mudanças.
O chefe de Estado agradeceu os congressistas. "A busca por consensos permitirá governar junto ao povo e pelo desenvolvimento de políticas públicas de caráter social."
Agradezco al Pleno del @congresoperu por otorgar el #VotoDeConfianza. La búsqueda de consensos nos permitirá gobernar junto con el pueblo y por el desarrollo de políticas públicas con carácter social. Como #GobiernoDelBicentenario, llegaremos a todos los rincones del Perú. pic.twitter.com/4tfBCaLgBg
— Pedro Castillo Terrones (@PedroCastilloTe) August 27, 2021
A menos de um mês da posse, o primeiro-ministro Guido Bellido solicitou a renúncia do chanceler Héctor Béjar em meio a uma campanha opositora promovida pelos meios de comunicação e as Forças Armadas. Béjar foi criticado por associar a Marinha peruana com atos terroristas da década de 1970.
Agora, a bancada de direita assegurou que irá exigir que cada ministro apresente seu planejamento nas comissões correspondentes no Congresso. A oposição também já tem preparado um expediente de moção de censura contra sete ministros nomeados por Castillo.
"O Peru sempre teve governos ditatoriais. Os governos democráticos, em geral, foram exceções e durante essas exceções a direita sempre conspirou, tornando impossível a manutenção desses governos democráticos", afirmou o ex-chanceler em entrevista à Telesur.
O Congresso da República do Peru é formado por 130 congressistas, divididos em 11 bancadas de maioria opositora. Sendo 37 do partido governante Peru Livre; 24 do partido de Keiko Fujimori, Força Popular; 16 do partido de centro-direita Ação Popular; 15 da Aliança para o Progresso; 13 do partido Renovação Popular; 7 do Avança País; 5 do Juntos Pelo Peru, Somos Peru e Podemos Peru; e 3 do Partido Morado, de Francisco Sagasti.
Votação conturbada
Foram mais de 10 horas de debate no legislativo até que o governo obter a maioria simples. Em frente à sede do Poder Legislativo, simpatizantes do partido Peru Livre realizaram um plantão desde a última quinta-feira (26) para pressionar os congressistas.
Durante quase três horas, o primeiro ministro Guido Belli expôs o plano de governo aos parlamentares. Destacou que a saúde será prioridade para derrotar a pandemia e reativar a economia.
A Saúde receberá 2,8 bilhões de soles, cerca de R$ 3,5 bilhões, para imunizar 50% da população contra a covid-19 até final de setembro. Até o momento cerca de 27% da população peruana recebeu pelo menos uma dose.
O premiê ressaltou que no dia 28 de julho haviam sido administradas 13 milhões de imunizantes, enquanto em 27 de agosto a cifra era de 17 milhões de doses aplicadas. Para aumentar vacinação, disse que a chancelaria peruana terá como primeira tarefa buscar novos contratos com distintos fornecedores de imunizantes.
:: O que defendem Pedro Castillo e seu partido ::
Os novos governantes também pretendem criar um sistema único de saúde pública no país.
O premiê também prometeu a criação de um imposto sobre a extração mineira, aumentar os fundos públicos para previdência e os
salários dos professores e trabalhadores da saúde.
Guido Bellido foi criticado pelos opositores por ter iniciado seu discurso em quechua e aymara, idiomas das duas maiores nações indígenas do país. O premiê é caracterizado pela grande mídia como membro de uma suposta "ala radical" do partido Peru Livre.
"A missão histórica deste governo é realizar mudanças estruturais de maneira ordenada, democrática e em paz", declarou.
Durante toda a sessão, os deputados dos partidos de extrema-direita Força Popular, Renovação Popular e Avança País criticaram a formação do gabinete, sugerindo que o novo presidente que implementar o "comunismo" e defenderam o "não".
Enquanto as bancadas mais moderadas, como o Partido Morado, do ex-presidente Francisco Sagasti, defenderam o voto "sim" em nome da estabilidade política do país. Os deputados de Juntos pelo Peru, da base governista, também reiteraram que o governo sequer falou sobre a proposta de reforma constitucional buscando obter o consenso.
O secretário geral do Peru Livre, Vadelmar Cerrón, destacou a importância da unidade para a nação. "É momento que reflexionemos e comecemos a unir forças antes de apontar as diferenças. A Pátria nos necessita", defendeu.
Na última semana, a Alba Movimentos denunciou que o Peru estava sob ameaça de um golpe e o governo deveria ser defendido pelo povo.
Edição: Thales Schmidt