Os indígenas não precisam abrir mão dos seus direitos para acessar programas do governo
A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), única parlamentar indígena do Congresso Nacional, defende que indígenas reivindicam políticas para sua autossuficiência, mas que isso não significa permitir práticas exploratórias dentro dos territórios, como a mineração e a retirada de recursos florestais, como preveem projetos de lei em tramitação.
Em entrevista a edição de hoje (26) do Programa Bem Viver, ela falou sobre os chamados “projetos anti-indígenas” apoiados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o marco temporal, que cria um limite para os povos indígenas reivindicarem seu território, e o Projeto de Lei (PL) 2633/20, chamado de “PL da Grilagem”, que regulariza a ocupação indevida de terras públicas.
“Os indígenas querem sua autossustentabilidade, mas não precisa mudar a Constituição para isso. Estes povos têm muitas iniciativas ligadas à agricultura e à pecuária que poderiam ser incentivados. Isso é muito diferente de um arrendamento de terras que favorecem a grilagem. Os indígenas não precisam abrir mão dos seus direitos para acessar programas do governo”, disse.
Leita em 2018, a deputada possui uma longa trajetória política. Ela nasceu na comunidade indígena Truaru da Cabeceira, região do Murupu, em Boa Vista. Joenia se formou em Direito na Universidade Federal de Roraima e se tornou a primeira advogada indígena do Brasil. Com o diploma, reforçou sua atuação pelos direitos dos povos originários e assumiu a liderança de diversas disputadas por terra. Em 2018 foi premiada pela ONU por sua luta pelos direitos indígenas.
No Congresso Nacional ela é uma das principais vozes para fazer oposição às pautas anti-ambientalistas que avançam entre algumas bancadas e parlamentares. “Não somos contra a economia, mas queremos proteger o meio ambiente, mantendo a sustentabilidade das comunidades. Somos contra o retrocesso em direitos, em abrir mão do nosso território para arrendamentos, exploração de terceiros e garimpo ilegal.”
Brasil com fome
O quinto episódio da série Fome no Brasil, do Brasil de Fato, conta a história da Comunidade Jangurussu, na região mais pobre de Fortaleza, que carrega o estigma de um antigo lixão instalado no local. Nos anos 1970 e 1980, a única forma que muitas famílias tinham de garantir renda era trabalhando informalmente no aterro sanitário.
Com o passar do tempo, essa atividade deixou de ser praticada. Porém, com a chegada da pandemia, o cenário mudou mais uma vez: muitas famílias perderam o emprego e voltaram para o aterro sanitário.
Hoje, existe uma cooperativa formado pelos moradores, que ajuda a estruturar o trabalho da equipe, mas ainda com diversas dificuldades.
Marco temporal
A votação sobre o marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF) foi adiada para hoje (26). Trata-se de uma interpretação jurídica que cria um limite para os povos indígenas reivindicarem o território que originalmente ocupam.
Pela tese, a comunidade precisava estar presencialmente na terra em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Brasileira, desconsiderando todo o período anterior.
Desde segunda feira (23), 6 mil pessoas de distintas etnias indígenas protestam em Brasília no acampamento Luta pela Vida. O objetivo é pressionar os ministros do STF na votação contra o marco temporal.
Paralimpíadas
Os Jogos Paralímpicos começaram na terça-feira (24) e o Brasil já está colecionando medalhas: logo na largada foram quatro pódios conquistados, todos na Natação. Uma das medalhas, de bronze, veio do campeão Daniel Dias, o nadador paralímpico com mais medalhas na história da competição: 25 ao todo.
“Eu acredito muito no esporte como uma ferramenta transformadora. Ele transformou a minha vida e pode ser uma ferramenta de inclusão. A natação me mostrou que nós somos diferentes, mas iguais em capacidade e realização. A deficiência é uma característica minha, mas jamais uma definição. O que nos define é o que está dentro de nós”, disse em entrevista ao Radinho BdF repercutida no Programa Bem Viver.
Cinema novo
No último domingo (22), o Brasil completou 40 anos sem o cineasta Glauber Rocha. O fundador do movimento chamado de Cinema Novo morreu em 22 de agosto de 1981 e se consagrou como um grande expoente da cultura brasileira, reconhecido internacionalmente.
Glauber Rocha nasceu em Vitória da Conquista (BA) e dedicou seu trabalho a descolonizar o cinema brasileiro. Os filmes dele são um choque até para os parâmetros de hoje, com produções fora da curva.
Em 1964, ele lançou o que pode ser considerado seu maior sucesso: o filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, um marco do cinema brasileiro, que foi indicado à Palma de Ouro. Outra produção reconhecida, “Terra em Transe”, de 1967, foi censurada por ser considerada subversiva, já que fazia alusão à situação política brasileira, que passava pelo regime militar.
Pra relembrar a trajetória do cineasta, o Programa Bem Viver repercute uma entrevista com a filha de Glauber Rocha, Paloma Rocha, transmitida no Programa Noite Ilustrada da Rádio UFMG. Ela fala sobre o pensamento do pai, sobre o Cinema Novo hoje e sobre a situação política do Brasil.
Sintonize
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Edição: Sarah Fernandes