Uma série de acusações, reunidas em um dossiê, foi apresentada para a sociedade nesta quarta (25), às 9h, pelo Comitê de Mobilização pela Autonomia e contra a Intervenção na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Denúncias como repressão e censura, ataque a entidades representativas e movimentos, descaso com as condições de vida de estudantes e trabalhadores e gestão subordinada ao alinhamento ideológico com a extrema direita estão presentes no documento que se refere à gestão do reitor da UFPB, Valdiney Veloso Gouveia (Reitor), empossado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), e por isso chamado de "reitor biônico", ou seja, áquele levado ao cargo por escolha de autoridade, e não por determinação de resultado eleitoral.
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Valdiney Veloso Gouveia (Reitor) e Liana Filgueira Albuquerque (vice-reitora), escolhidos por Bolsonaro, faziam parte da chapa 3, “Orgulho de ser UFPB”, que ficou em 3º lugar no pleito de agosto de 2020, tendo uma votação inexpressiva na consulta eleitoral da UFPB, perdendo em todos os segmentos: docente, técnicos administrativo e estudantes; obteve um total de zero voto no Consuni (Conselho Universitário), e só entrou na lista Tríplice à custa de uma liminar. A chapa vencedora foi a das professoras Terezinha/Mônica.
Composto por entidades e coletivos de todas as categorias da comunidade acadêmica da UFPB, o Comitê de Mobilização pela Autonomia e contra a Intervenção na Universidade Federal da Paraíba vai realizar nesta quarta-feira (25/8), às 9h, um ato público em frente ao prédio da reitoria do campus I da UFPB, em João Pessoa.
A ação faz parte da agenda de atividades da Semana Nacional de Luta contra a Intervenção nas Instituições Federais de Ensino, deliberada pelo Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), que conta com o apoio e participação da ADUFPB (Seção Sindical do Andes na UFPB).
“A adesão a essa atividade foi deliberada pela categoria docente na nossa última assembleia, realizada no dia 16 de agosto. É importante destacar que a comunidade universitária está unida e irá demonstrar todo o seu repúdio às ações antidemocráticas deste governo, expressas no processo de intervenção nas instituições de ensino, que sufoca o legítimo direito de professores, servidores e estudantes de escolher os seus reitores”, avalia o presidente da ADUFPB, Fernando Cunha.
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Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, mais de 25 instituições já sofreram intervenção do presidente na escolha de reitores e reitoras, com a nomeação de nomes não indicados pela comunidade acadêmica.
"O ato terá concentração às 9h na rampa da Reitoria da UFPB, contará com projeção de audiovisual em retrospectiva às mobilizações contra a Intervenção, ocorridas desde agosto de 2020. Além disso, a projeção abordará solidariedade aos estudantes da Universidade de Belarus, em referência à demanda imediata de findar o acordo de cooperação internacional entre Universidade de Belarus e a UFPB, acusada de repressões e violações a direitos de manifestação política e pensamento crítico. A UFPB, sob gestão de Valdiney é a única Universidade do Brasil a firmar e manter o acordo com a instituição bielorussa", explica Ciro Caleb, do Coletivo Estudantil A UFPB SOMOS NÓS e do Levante Popular da Juventude.
Atualmente, três universidades federais aguardam nomeações para suas reitorias – do Tocantins (UFT), de Santa Maria (UFSM) e de Goiás (UFG). Em outras dez, os mandatos de atuais reitores e reitoras vencem entre março e novembro de 2022. Ou seja, Bolsonaro ainda poderá interferir na escolha de reitores para as Federais de Minas Gerais (UFMG), do Oeste do Pará (UFOPA), do ABC (UFABC), do Sudoeste da Bahia (UFSB), de Santa Catarina (UFSC), do Acre (UFAC), da Bahia (UFBA), do Amapá (Unifap) e Fluminense (UFF).
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Heloisa de Sousa