Meio Ambiente

Incêndio no Parque do Juquery tem impacto sobre uma das represas do Cantareira

A cobertura florestal está ligada à manutenção das nascentes que abastecem a Represa do Juquery

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Além de impactar o sistema hídrico, o incêndio também destruiu a área que é considerada o último remanescente de Cerrado da região metropolitana de São Paulo - Divulgação/Polícia Militar Ambiental

O incêndio que durou 40 horas e destruiu cerca de 85% do Parque Estadual Juquery, nos município paulistas de de Franco da Rocha e Caieras compromete as nascentes que abastecem a Represa Paulo de Paiva Castro, conhecida como Represa do Juquery, na parte de cima do Sistema Cantareira. O fogo teve inicio no domingo (22) e o Corpo de Bombeiros permaneceu no local até terça-feira (24). 

Segundo Pedro Luiz Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP) e coordenador da Rede Internacional de Estudos Sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade (Rimas), o impacto ainda não é mensurável. No entanto, o incêndio criminoso é mais um dos problemas que prejudicam o sistema de abastecimento hídrico

Na manhã desta quarta-feira (25), o Cantareira está com 37,9% de seu volume total. De ontem (24) para hoje, o volume diminuiu em 0,2%, segundo o Portal dos Mananciais, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Com isso, o sistema completou 14 dias em situação de estado de alerta, quando o volume do reservatório fica abaixo de 40% de sua totalidade. O Parque Estadual Juquery fica dentro da bacia hidrográfica que compõe o Cantareira.

"Os acontecimentos que ocorrem dentro dessa área impactam de fato na segurança hídrica e na operação do sistema, especialmente em uma situação de fogo, ontem a gente tem uma mudança importante do uso e ocupação do solo", explica Guilherme Checco, coordenador de pesquisas do Instituto Democracia e Sustentabilidade. De acordo com ele, sem a cobertura florestal, a forma como a água será absorvida por aquele ecossistema “vai ser completamente diferente”. 

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Soterramento e assoreamento

Uma das consequências do incêndio é o soterramento das nascentes. Sem a cobertura florestal, o solo fica mais suscetível à erosão no período de chuvas, que acaba por cobrir a área de nascentes e diminuindo a capacidade das mesmas de manter um volume adequado de água. Outro fator: sem a cobertura florestal, parte da água das chuvas, no lugar de ser absorvida pelo solo, acaba evaporando.

De acordo com Côrtes ao invés de alimentar as nascentes, elas vão evaporando e perdendo a capacidade de alimentar os rios e reservatórios. Desse processo também ocorre o assoreamento das represas.

 “A chuva quando bate no solo diretamente vai escorrendo e carregando parte do solo para a represa, por conta da supressão dessa cobertura vegetal. Então a represa vai perdendo capacidade de armazenamento ao longo do tempo, por conta da supressão dessa cobertura vegetal que fica no entorno”, afirma Côrtes.

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Além de impactar o sistema hídrico, o incêndio também destruiu a área que é considerada o último remanescente de Cerrado da região metropolitana de São Paulo. Agora, sete pessoas são investigadas por soltar um balão que causou o fogo pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP). "O caso foi registrado como fabricar, vender, transportar ou soltar balões e a autoridade policial arbitrou fiança, conforme determina a legislação, que foi paga e o homem, liberado”, informou a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Edição: Anelize Moreira