A ex-presidenta durante o golpe na Bolívia Jeanine Áñez tinha planos para fugir do país rumo ao Brasil em março deste ano. De acordo como a imprensa local, Áñez partiria num jato privado de uma fazenda próxima à capital do estado de Beni, Trinidad, onde residia. No entanto, ela foi surpreendida por autoridades bolivianas ainda no dia 12 de março, o que teria frustrado o esquema de fuga.
Ainda segundo meios locais, Áñez teria sido alertada pelo procurador do estado de Beni, Marco Cossío, de que seria presa no dia 17 de março, o que fez a polícia adiantar a operação de prisão para evitar a fuga. Cossio renunciou ao cargo no dia 19 de março alegando problemas de saúde.
Áñez não seria a primeira funcionária da gestão interina a fugir da justiça boliviana pelo Brasil. O ex-ministro de Governo, Arturo Murillo, teria passado pelo território brasileiro até chegar aos Estados Unidos, onde foi preso por lavagem de dinheiro. Na mesma viagem também estaria o ex-ministro de Defesa Fernando López, que possivelmente permanece no Brasil.
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O Comitê Executivo da Assembleia Permanente de Direitos Humanos (APDH) divulgou um comunicado, na última terça-feira (24), no qual afirma que ainda está em marcha um plano de fuga de Áñez com apoio de embaixadas e do Comitê Cívico de Santa Cruz, organização controlada por opositores, no estado fronteiriço com o Brasil.
De acordo com o documento, Luis Fernando Camacho, atual governador do estado de Santa Cruz, e Carlos Mesa, ex-presidente da Bolívia, seriam outros nomes protagonistas do golpe que estariam apoiando os novos planos de Áñez.
O vice-presidente da APDH, Edgar Salazar, expõe um racha na entidade ao afirmar que a presidenta da APDH, Amparo Carvajal, trabalharia para mobilizar distintos setores por meio de um discurso de direitos humanos para exigir o direito de prisão domiciliar à Áñez questões de saúde. No entanto, isso poderia facilitar um novo plano de fuga da ex-presidenta, que também é acusada de terrorismo, sedição e conspiração.
Salazar afirmou que a APDH deveria representar as vítimas dos massacres de Sacaba e Senkata, mas Carvajal não reconhece esses crimes. Agora, instalou-se um estado de emergência na entidade, o que fará com que presidentes estaduais decidam a respeito da reestruturação de sua direção nacional.
Edição: Arturo Hartmann