Rio de Janeiro

19 DE AGOSTO

"Com tanto cartão corporativo, seguimos nas calçadas", diz homem em situação de rua

Afirmação fez parte do debate promovido pelo “Seminário População de Rua – Resistir e Existir” nesta quinta (19)

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O seminário foi finalizado nesta quinta-feira (19), dia que marca a luta dessas pessoas em situação de rua por garantia de direitos - Agência Brasil

“Quanto tempo vamos ficar sem honra? A Constituição diz que temos um direito e direito que até hoje o governo não cumpre. Com tanto cartão corporativo, seguimos nas calçadas. É difícil entender, mas direito aqui tem que ser implorado”, desabafou Paulo Celso, que vive nas ruas e é assistido pelo Instituto Lar, durante uma das mesas online do “Seminário População de Rua – Resistir e Existir”.

O evento foi organizado pela Comissão Especial de População em Situação de Rua da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em parceria com o Departamento de Serviço Social da PUC-Rio e a University of Dundee.

O seminário foi finalizado nesta quinta-feira (19), dia que marca a luta dessas pessoas em situação de rua por garantia de direitos. Durante os dois dias de atividades, os convidados debateram políticas públicas e o papel do Estado para assegurar a cidadania e a dignidade para quem vive em condição de extrema vulnerabilidade social.

O primeiro dia do encontro foi temático e levantou questões na área de moradia, trabalho e renda e saúde psicossocial. Já o segundo e último dia contou com a participação de parlamentares, representantes da população em situação de rua e organizações da sociedade civil que atuam no acolhimento dessas pessoas. 

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A ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos e deputada federal, Maria do Rosário (PT-RS), lembrou que um dos problemas graves que ocorrem hoje no Brasil é a falta de responsabilidade do Estado no cumprimento de seu dever social.

“A primeira palavra que eu traria como participação é reconhecimento, o que faz falta ao Brasil de hoje é o reconhecimento da responsabilidade pública do Estado, das palavras vivas que estão escritas na Constituição Federal e devem ter valor e reconhecimento. A sociedade brasileira precisa fazer também o reconhecimento humano de cada uma das pessoas com as quais nos deparamos ou não todos os dias, não podemos nos acomodar e viver o tempo da indiferença”, ressaltou a parlamentar que ainda pontuou que o campo humanista não pode mais protestar sem agir.

O evento foi transmitido no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, onde pessoas em situação de rua puderam acompanhar e também participar. O vereador da capital fluminense e um dos organizadores do seminário, Reimont (PT), destacou a importância do protagonismo da população em situação de rua na defesa dos seus direitos.

“A população em situação de rua precisa ter voz e vez. Ela nos diz de maneira muito firme que não espera de nós que façamos políticas pra ela. Precisamos construir um mundo pautado numa solidariedade que aconteça de forma horizontal”.

Carta-compromisso

Na tarde desta quinta-feira (19), representantes da população em situação de rua entregarão uma carta ao presidente da Câmara Municipal do Rio, Carlo Caiado (DEM), com as principais demandas do grupo social para o poder legislativo. 

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Ao todo, cerca de mil pessoas participaram do “Seminário População de Rua – Resistir e Existir”, entre os presentes estiveram o Padre Julio Lancellotti, os deputados estaduais, Waldeck Carneiro (PT), Carlos Minc (PSB) e Mônica Francisco (Psol), o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), a prefeita de Juiz de Fora Margarida Salomão (PT) e a ex-vereadora Luciana Novaes (PT). 

Edição: Mariana Pitasse