Estamos falando de máscaras frouxas, que permitem circulação de ar e que não fazem filtragem
O uso de máscaras inadequadas, que não vedam o rosto e não filtram o ar, podem aumentar em até 1100% o risco de contaminação pelo novo coronavírus nas escolas, em comparação com os períodos em que as unidades de ensino estavam fechadas. Sem a distribuição de equipamentos de proteção adequados, professores, funcionários e estudantes acabam correndo mais riscos na volta às aulas presenciais, que já ocorre em diversos estados do Brasil.
A informação foi confirmada por meio de modelo matemático desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) e repercutido na edição de hoje (17) do Programa Bem Viver. O software simulou diversas situações adaptadas para escolas da realidade brasileira a partir de um estudo de caso em Maragogi (AL).
O uso de máscaras do modelo PFF2 pode reduzir o contágio nas escolas, segundo o estudo. Caso não seja possível acessar as máscaras PFF2, a recomendação é utilizar duas máscaras, sendo uma descartável por baixo e por cima uma de pano, bem adaptada ao rosto. Para reduzir ainda mais as infecções, o modelo aponta que seria necessária carga horária reduzida, rodízio de alunos, acompanhamento de casos suspeitos e melhora na ventilação das salas de aula, o que não ocorre na maioria das redes de ensino do país.
“Máscaras mal utilizadas e sem qualidade fariam com que houvesse aumento grande do número de casos na comunidade escolar, de até 1100% se comparado com o período em que as escolas estavam fechadas. Estamos falando de máscaras frouxas, que permitem circulação de ar e que não fazem filtragem”, o doutor em Matemática Edmilson Roque, que fez parte da pesquisa. “Um ponto positivo é que, respeitando os protocolos de segurança, o aumento de casos é controlado se comparado a um retorno feito de qualquer jeito.”
Fome no Brasil
A preocupação com a possibilidade de não ter comida na próxima refeição já atinge quase 60% dos lares brasileiros, mais da metade dos domicílios do país. Os dados dão da pesquisa “Efeitos da Pandemia na Alimentação e na Atuação da Segurança Alimentar no Brasil”, coordenada pelo do Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, com sede na Universidade Livre de Berlim.
Como resultado desse cenário, muitas famílias têm sido obrigadas a fazer a difícil escolha entre ter o que comer e pagar um aluguel para ter onde morar. São dois direitos fundamentais, previstos na Constituição brasileira, que não são cumpridos na prática. É essa a situação retratada na terceira reportagem da série especial “Fome no Brasil”, publicada pelo Brasil de Fato e repercutida no Programa Bem Viver.
Sem muitas alternativas, são as ocupações que têm dado perspectivas e servido de abrigo para uma parte da população que não tem como pagar os custos da moradia. Ainda assim, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou, no começo deste mês, um projeto de lei que impedia despejos durante a pandemia.
Na prática isso significa que famílias podem ser obrigadas a deixar as ocupações a qualquer momento, na cidade e no campo, mesmo em meio a pandemia e a onda de desemprego que já atinge pelo menos 14 milhões de trabalhadores no país.
Haiti
O Haiti sofreu um forte terremoto no último sábado (14), que deixou centenas de pessoas mortas e milhares desabrigadas. As buscas não terminaram e o número de vítimas ainda deve aumentar ainda. Brasileiros que vivem no país relataram que o momento é de extrema apreensão, sobretudo com o alerta de um ciclone e uma tempestade no Haiti nos próximos dias, que pode provocar alagamentos e deslizamentos.
O país caribenho vive uma grave crise social e política: em 2010, grande parte do Haiti foi devastada por outro terremoto, que matou cerca de duzentas mil pessoas. No mês passado, o presidente do país foi assassinado, agravando a crise social e política. Para além de uma questão geológica, os impactos do terremoto poderiam ser reduzidos com investimentos para combater a pobreza e fomentar o desenvolvimento do país.
Solidariedade ao Afeganistão
A população do Afeganistão vive dias de caos e terror após o grupo fundamentalista Talibã assumir o controle do país neste último domingo (15). Uma das primeiras medidas após a retomada do poder, depois de 20 anos, foi a suspensão da vacinação contra a Covid-19.
Cenas tristes de afegãos se agarrando a aviões para tentar deixar o país rodaram o mundo, em uma situação desesperadora, que resultou em mortes.
Especialistas têm dificuldade de projetar o que está por vir, mas é possível esperar grandes retrocessos em direitos humanos, especialmente para mulheres, que temem até mesmo por suas vidas.
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Edição: Sarah Fernandes