As escolas da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, que já voltaram às aulas em modelo híbrido (presencial e remoto), têm dificuldades para cumprir protocolos sanitários de combate ao coronavírus. É o que diz um relatório elaborado pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) entregue à Secretaria estadual de Educação (Seeduc) na última quinta-feira (12).
Apesar dos riscos com a disseminação de uma nova cepa do coronavírus, a variante Delta, que já corresponde à mais da metade dos casos analisados na capital fluminense, o governador Cláudio Castro (PSC) autorizou que as escolas de todos os municípios retomem nesta segunda-feira (16) as aulas presenciais nas escolas.
Leia mais: Sem ampla divulgação, volta às aulas na rede estadual do RJ tem escolas vazias
A comissão da Alerj visitou 98 unidades de ensino, em 33 municípios, e concluiu que o cenário coloca em risco a saúde de estudantes, professores e funcionários na volta às aulas. O estudo aponta que faltam funcionários para aferir as temperaturas e a limpeza das salas de aula entre os turnos.
Grande parte dos locais visitados conta com duas ou mais entradas, o que ajuda a manter o distanciamento, mas apenas 11,7% das unidades escolares estavam com os dois portões abertos, justamente pela falta de funcionários de apoio. Algumas das escolas não possuem ventilação adequada, pois as janelas são lacradas. O problema da circulação de ar também é verificado em 46,4% das salas dos professores.
"A imunização completa dos profissionais de educação é uma esperança para diminuição do risco de contágio nas escolas, mas precisa vir acompanhada de mudanças nas condições dos espaços físicos", disse o presidente da comissão, deputado Flávio Serafini (Psol).
Leia também: Comida ou aluguel: pandemia obriga mais famílias a morar em ocupações para sobreviver no RJ
Segundo a Comissão, é preciso um programa de inclusão digital eficiente, com a distribuição de material e acesso à internet; redução do número de alunos por turmas para assegurar menores chances de contaminação; recomposição das equipes pedagógicas e a elaboração de uma estrutura de rastreamento, em parceria com a Secretaria de Saúde, dos casos suspeitos de covid.
O documento, divulgado pela Alerj, chama a atenção para a necessidade de construção de novas unidades, já que algumas funcionam em regime de convênio com o município e em prédios alugados, o que torna mais difícil adequar o sistema de ventilação.
O estudo sugere a criação de um comitê científico para debater a volta às aulas, com abertura de um canal para acolher denúncias e preocupações, além da produção de uma proposta de planejamento à Seeduc de pontos urgentes na agenda das escolas.
O deputado Flávio Serafini informou que até o fim de agosto será marcada uma audiência pública com a presença do secretário estadual de Educação para que a pasta possa apresentar o que fez em relação às questões indicadas pela comissão nesse estudo.
Edição: Eduardo Miranda