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LSD e os hippies

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Muitos usuários de LSD eram hippies, nome que se dava a membros de um movimento surgido nos Estados Unidos, pacifista e pela liberação sexual e de drogas - Vasilios Muselimis / Unsplash
O que começou a dificultar as viagens de carona não foi violência: foram os pacifistas. Esquisito né

Vi que cientistas brasileiros estão pesquisando efeitos medicinais e alucinógenos do LSD, droga conhecida também como ácido lisérgico. Nunca tomei isso nem outras drogas como chá de cogumelo que dá em estrume de boi zebu e foi moda durante um tempo. Sempre tive medo disso, fico restrito a drogas legalizadas, o álcool e até umas décadas atrás o tabaco, que larguei.

Mas quem sabe descobrem um bom uso medicinal para ele.

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Conheci pessoas que usaram LSD. Diziam que faziam viagens quando tomavam. Um rapaz estava no nono andar de um prédio, tomou LSD e achou que era passarinho. Pensou que podia voar, pulou, caiu em cima de uma árvore antes de chegar ao chão e se arrebentou todo, mas não morreu. Ficou todo engessado durante mais de um ano.

O LSD produzia um efeito alucinógeno que, segundo os usuários, fazia enxergar tudo muito colorido, com curvas bonitas... Chamavam isso de psicodélico, e surgiu uma moda de tecidos muito coloridos e sem nada de linhas retas. Com eles se faziam roupas psicodélicas.

Muitos usuários de LSD eram hippies, nome que se dava a membros de um movimento surgido nos Estados Unidos, pacifista e pela liberação sexual e de drogas. Participante do movimento hippie aqui no Brasil às vezes era chamado também de bicho-grilo.

Uma característica de muitos deles era o pouco vocabulário. Se você falasse para bicho-grilo algo que ele gostava e concordava ou apoiava, a resposta podia ser monossilábica: sóóóó... Lembro-me de uma moça que quase não falava outra coisa além disso, e tinha o apelido de Soninha Só.

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Outra característica dos hippies brasileiros era não tomar banho. Eu viajava muito de carona na época e começou a ficar difícil, não por causa de assaltos como hoje em dia: uma vez gastei um tempão pra pegar uma carona na Rio-Bahia e quando um caminhão parou o caminhoneiro me disse que iria só até 20 quilômetros adiante. Aceitei.

Depois que andamos uns dez minutos ele disse que iria bem mais longe. Gostava de conversar e para isso dava caronas, mas uns dias antes deu carona para um hippie e a cabina do caminhão ficou fedendo muitos dias, não havia o que resolvesse. Lavou várias vezes, e nada...

Então, vejam... O que começou a dificultar as viagens de carona não foi a violência: foram os pacifistas. Esquisito, né?

*Mouzar Benedito é escritor, geógrafo e contador de causos. Leia outros textos

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Daniel Lamir