O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a defender o voto impresso e a colocar em dúvida a realização das eleições em 2022. Por meio de vídeochamada, ele discursou para apoiadores que se reuniram em algumas capitais, neste domingo (1), para defender "a contagem pública dos votos e voto impresso". Há registro de mobilizações em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Recife.
Um dos vídeos, exibido em Brasília, foi publicado no canal do YouTube do presidente. Em um trecho, ele voltou a ameaçar a realização do pleito do próximo ano. "Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleições", disparou.
::Desconstruindo mentiras: urna eletrônica é auditável e mais segura que voto impresso::
Alimentando a narrativa anticomunista com mensagens de temor para uma eventual vitória do Partido dos Trabalhadores na próxima eleição, Bolsonaro chamou os manifestantes de "meu Exército" e continuou insistindo na tese de que as eleições de 2018 "tiveram indícios de fraude", sem apresentar provas.
"Vocês são, de fato, o meu Exército, o nosso exército...para fazer com que a vontade popular seja expressada na contagem pública dos votos", discursou.
::Bolsonaro discursa por meio de vídeo chamada para apoiadores::
Em outro trecho do vídeo, ele atacou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral(TSE), o ministro Luiz Roberto Barroso, o acusando de orientar os líderes partidários da Câmara dos Deputados sobre a indicação dos parlamentares que compõem a Comissão responsável pela apreciação da PEC do voto impresso, de autoria da deputada federal Bia Kicis(PSL - DF). O texto propõe voto impresso e contagem pública dos votos.
"O ministro, que deveria ser o primeiro a estar do lado da transparência das eleições, está exatamente do outro lado. As provas, sr. Ministro Barroso, se faz com indícios", atacou o presidente. Ele ainda continuou com ataques acusando quem oferece dados sobre a precariedade do voto impresso de mentirosos. "Quem é fala que ele é auditável e seguro é mentiroso".
- Parabéns ao povo brasileiro.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 1, 2021
- Eleições democráticas somente com contagem pública dos votos. pic.twitter.com/BIJMQTebG5
Esta não é a primeira vez que o presidente atacou a urna eletrônica e defendeu o voto impresso. Integrantes da oposição tem avaliado que este discurso é uma forma de tumultuar a eleição do ano que vem e anular, arbitrariamente, uma possível derrota nas urnas. Até o momento, as pesquisas têm apontado Bolsonaro atrás do seu principal adversário: o ex-presidente Lula.
::Bolsonaro admite não ter prova que alegava possuir sobre fraude nas urnas em 2018::
Ao ameaçar cancelar a eleição, o presidente tem espalhado dúvidas sobre o processo eleitoral. Em live transmitida na quinta-feira(26), ele confessou não ter provas, mas "indícios" de fraudes. O Tribunal Superior Eleitoral desmentiu, em tempo real, as acusações levantadas pelo presidente.
Confira os principais esclarecimentos realizados pelo @TSEjusbr, em parceria com agências de checagem, sobre as notícias falsas veiculadas nas #Eleições2018: https://t.co/m7KUZ2HuXT ▶️ pic.twitter.com/m7vADOZHdd
— TSE (@TSEjusbr) July 30, 2021
Edição: Vinícius Segalla