Borba Gato

Gessica, que emprestou celular a Galo, tem prisão revogada em inquérito sobre fogo em estátua

Investigações confirmaram que a costureira estava em casa, cuidando de crianças, quando a manifestação ocorreu

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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A costureira Gessica Barbosa: tem uma filha de 3 anos, cuida de um irmão de 9 e foi presa por ter emprestado um celular ao marido - Reprodução/Youtube

Investigada por envolvimento no incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato, Gessica Barbosa teve a prisão temporária revogada nesta sexta-feira (30) pela Justiça.

A soltura, assinada pela juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli, do Departamento de Inquéritos Policiais da Capital, foi baseada no rastreamento do aparelho celular da costureira, que confirmou a alegação de inocência.

Desde a prisão, na última quarta-feira (28), os advogados sustentam que Gessica estava em casa, cuidando da filha e do irmão menores de idade, quando o incêndio ocorreu. 

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A versão de Gessica também foi corroborada pelo seu companheiro, Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido "Galo", e por Danilo Silva de Oliveira, conhecido como "Biu". 

Os dois assumiram a participação no incêndio, que tinha por objetivo estimular o debate sobre a permanência de monumentos de figuras históricas ligadas ao colonialismo.

Desde o início, Paulo e Gessica, que não tem antecedentes criminais, colaboraram com as investigações. O casal tem residência fixa, apresentou-se voluntariamente à Polícia Civil e franqueou a entrada dos investigadores na casa onde moram, na zona oeste de Sâo Paulo. 

Prisão ilegal 

O celular de Galo tem um chip que está no nome da esposa. Ao acompanhá-lo à delegacia na quarta, ela foi surpreendia com a própria prisão, justificada, segundo a polícia, pela propriedade do chip de celular, que fora utilizado pelo marido para combinar o protesto do sábado. 

Segundo o advogado da família, Bruno Garcia de Alcaraz Iglesias, a costureira se desesperou quando foi informada sobre o mandado de prisão que recaía sobre si, ali mesmo na delegacia, enquanto o marido estava depondo. 

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“A única coisa que ela me perguntava era: ‘Doutor, o que eu vou fazer com as crianças? Vão ficar com quem? Quem vai cuidar? Quem vai alimentar? Eu sou pobre, não tenho dinheiro para contratar alguém para cuidar’”, descreve Iglesias.

“A decisão é absolutamente ilegal. O Galo admitiu ter participado da ação. Ele abriu mão da própria liberdade, do próprio bem estar, por um bem maior, para levantar uma discussão necessária. Só que a Gessica não participou de nada disso”, sustentou o advogado.

Edição: Vinícius Segalla