Reforma Agrária

Brasil precisa de política pública pra tirar o povo da fome, diz dirigente do MST

João Paulo Rodrigues participou ao vivo do Jornal Brasil Atual para falar sobre o Dia do Agricultor e da Agricultora

Ouça o áudio:

"Temos muita gente com fome, muita gente desempregada, e nessa situação, o principal é ter claro que o que resolve somente é política pública" , diz João Paulo Rodrigues - Guilherme Santos/Sul21

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) do governo Bolsonaro publicou nesta quarta-feira (28), Dia do Agricultor e da Agricultora, uma imagem de um homem armado como suposta homenagem aos trabalhadores e trabalhadoras do campo. A publicação recebeu forte repúdio nas redes sociais ao ponto que a Secom teve que apagá-la. 

Em entrevista ao vivo no Jornal Brasil Atual Edição da Tarde, o integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, afirmou que Bolsonaro a través da Secom usou a postagem como isca para chamar a atenção sobre a mensagem que queria transmitir: "ele já sabia que a foto ia causar um grande alvoroço e no meio da tarde ele ia postar o que interessava pra ele de verdade, que são os números, que foram postados em seguida, das ocupações de terra nos demais governos e no governo Bolsonaro, que é algo que não explica nada". O dirigente também afirmou que o governo tenta, com publicações como a de hoje, desviar "os assuntos relacionados à CPI e todos os motivos pelos que nós queremos o 'Fora Bolsonaro'". 

"A tentativa de vincular o ser social e histórico das camponesas e dos camponeses à figura de um jagunço é um ato criminoso. O modo de vida campesino, ao contrário do submundo jagunço, é voltado para o cultivo da vida, seja da vida da terra, das matas e das pessoas”, disse à RBA Carlos Lima, da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Dados de 2020, divulgados em maio pela CPT mostram outro viés da violência no campo que o governo de Bolsonaro e seus apoiadores escondem. Desde 1985, em nenhum momento da história o número de conflitos por terra foi tão alto: 1.576, envolvendo 171.625 famílias. Segundo relatório da pastoral, os dados são ainda mais assustadores quando relativos aos povos indígenas: 656 ocorrências (41,6% do total), com 96.931 famílias (56,5%).

O relatório mostra ainda aumento considerável no número de ocorrências da violência no campo, de maneira especial, nos últimos dois anos. Em 2019 apresentava um aumento de 26% em relação a 2018. Passou de 1.000 ocorrências para 1.260). Em 2020, esse aumento foi 25,1% ainda maior, alcançando 1.576 ocorrências, totalizando 21.801 nesses 35 anos.

Por sua vez, o MST celebrou o Dia do Agricultor e Agricultora, com ações de solidariedade, doando alimentos aos mais necessitados, como no Paraná, onde foram distribuídas mais de 48 toneladas de alimentos. "Temos muita gente com fome, muita gente desempregada, e nessa situação, o principal é ter claro que não tem política de solidariedade que resolve, não tem politica de assistencialismo que resolve, somente política pública, porque estamos falando de dezenas de milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Portanto é urgente a necessidade de um auxílio emergencial de R$ 600 pra toda a população, e segundo tirar o Bolsonaro, caso contrário nós podemos ter uma situação de saques como tivemos na década de '90 sob o governo FHC", disse João Paulo ao Jornal Brasil Atual. 

Confira a entrevista completa com João Paulo Rodrigues a partir do minuto 35 do jornal. 

*Com informações da Rede Brasil Atual. 

O jornal completo está disponível no áudio acima. 

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O Jornal Brasil Atual Edição da Tarde é uma produção conjunta das rádios Brasil de Fato e Brasil Atual. O programa vai ao ar de segunda a sexta das 17h às 18h30, na frequência da Rádio Brasil Atual na Grande São Paulo (98.9 MHz) e pela Rádio Brasil de Fato (online). Também é possível ouvir pelos aplicativos das emissoras: Brasil de Fato e Rádio Brasil Atual.

Edição: Mauro Ramos