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Pesquisa

UFPR acumula dados sobre atletas brasileiros que disputam as Olimpíadas de Tóquio

Sistema reúne informações de 67 mil atletas, de 7 mil instituições e é o mais robusto do Brasil na área

Curitiba (PR) |
Pesquisas realizadas pelo IPIE mostram relação entre os bons resultados nas Olimpíadas e o incentivo governamental - Fabrice Coffrini/AFP

O Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná (IPIE) acompanha o desempenho de atletas brasileiros que vão disputar as Olimpíadas de Tóquio e que fazem parte do Bolsa Atleta, programa de incentivo da Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte. As informações integram um banco de dados produzido e alimentado pelo IPIE desde 2013. O sistema reúne informações de 67 mil atletas, de sete mil instituições e é o mais robusto do Brasil na área, com mais de quatro milhões de dados inseridos. As informações estão disponíveis para gestores e pesquisadores ligados ao esporte.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio começaram na sexta-feira, 23 de julho. A delegação olímpica brasileira é formada por 319 atletas, um número menor em relação aos Jogos do Rio. “Isso não significa que a delegação que está no Japão esteja em desvantagem. Aliás, podemos dizer que a delegação é mais experiente, graças a participação de jovens atletas no Rio e que hoje estão mais consolidados – como Ana Sátila, da canoagem, e Henrique Avancini, do ciclismo MTB. Isso contribui na disputa. O Brasil chega com atletas bem posicionados em rankings mundiais e com condições de brigar por medalhas em várias modalidades”, avalia o professor Fernando Mezzadri, coordenador do IPIE.

Bolsa atleta

Dos 319 atletas brasileiros que vão disputar as olimpíadas, 251 integram o programa Bolsa Atleta, o que representa mais de 78% do total. De acordo com Mezzadri, as pesquisas realizadas pelo IPIE mostram relação entre os bons resultados nas Olimpíadas e o incentivo governamental. “Observando os dados dos Jogos Rio 2016, em que 18 das 19 medalhas olímpicas tiveram participação de bolsistas, e nos Jogos Paraolímpicos, em que 90% das medalhas vieram de bolsistas, é possível inferir que existe uma relação entre o maior investimento no esporte de alto rendimento com os resultados. O investimento pelo Programa Bolsa Atleta mantém um patamar alto desde 2010 e propicia condições melhores de treinamento, o que certamente se reflete nas disputas e nas medalhas”, analisa.

O IPIE acumula os dados de toda a delegação olímpica brasileira, tanto os confirmados, quanto os substitutos convocados por conta da pandemia. Apenas os dados dos jogadores do futebol masculino não fazem parte do apanhado, pois esses atletas não recebem incentivo do governo federal.

O valor das bolsas varia entre R$ 370,00 e R$ 15.000,00 mensais, dependendo da categoria. Para as categorias atleta de base, estudantil, nacional e internacional o critério para entrada é ter obtido pódio em competições válidas. Para as categorias olímpica e paraolímpica, o critério é ter participado da última edição dos Jogos Olímpicos ou Paraolímpicos e estar em atividade. Para a categoria Atleta Pódio, são selecionados atletas posicionados entre os 20 primeiros lugares do ranking mundial de suas respectivas modalidades, com chance de conquista de medalha.

Jogos de Tóquio

Segundo o professor Mezzadri, a avaliação dos dados do IPIE permite prever que nos Jogos de Tóquio o Brasil deve superar a quantidade de medalhas alcançadas na Rio 2016. “O Comitê Olímpico do Brasil tem como meta superar a quantidade de medalhas alcançadas na Rio 2016, 19 medalhas. É possível, sim, que essa meta seja alcançada e até superada. A entrada do skate e do surfe, modalidades em que o Brasil é referência mundial, podem contribuir muito para isso, além da evolução de outras modalidades que tiveram destaque no Rio, como canoagem, judô e ginástica”.

O professor avalia que a falta de torcida e afastamentos gerados pela pandemia podem alterar o cenário em várias modalidades. “O rigor nas testagens e ambientes controlados podem gerar desfalques importantes nos Jogos, podendo ser benéfico ou maléfico para a delegação brasileira. O ano de 2020 com treinos limitados e quase nenhuma competição impede que seja feita uma avaliação mais real do nível de desempenho de todos os atletas nos Jogos e isso cria uma incerteza nos resultados, que só saberemos com o andamento das competições”, afirma.

Inteligência Esportiva

O Inteligência Esportiva é um projeto de pesquisa que iniciou na UFPR em 2013, em parceria com a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte. O projeto alimenta, desde então, um grande banco de dados sobre o esporte no Brasil.

Atualmente, o Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva é um órgão auxiliar do Setor de Ciências Biológicas da UFPR e foi aprovado na universidade em 2019 para produzir, aglutinar, sistematizar, analisar e difundir informações sobre o esporte no Brasil e analisar as políticas públicas para a área.

Edição: Lia Bianchini