Uma campanha de redução da pobreza na China, realizada entre 2013 e 2020, tirou 100 milhões de pessoas dessa situação no país, erradicando a pobreza no local. Para entender melhor o processo, o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social fez uma pesquisa abrangente sobre a iniciativa.
Publicado na última sexta-feira (23), o estudo ouviu especialistas chineses e internacionais e fez visitas de campo a locais de redução da pobreza na província de Guizhou, a mais de 2 mil quilômetros da capital chinesa, e em Pequim, onde estão localizados os últimos nove condados que saíram da pobreza no país.
De acordo com a pesquisadora Tings Chak, a iniciativa do governo chinês mobilizou toda a sociedade para conseguir alcançar o objetivo. Segundo ela, ficou claro que só dar dinheiro para as pessoas não era o suficiente para aliviar a pobreza e que, por isso, foi criado o conceito de alívio da pobreza focalizado.
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“Então, eles mandaram três milhões de quadros do partido para o campo para morar lá durante vários anos para conhecer cada pessoa que é pobre e perguntar sobre a renda, sobre saúde”, explica.
Sendo assim, ficou evidente que não bastava apenas dar um auxílio para a população e outras medidas foram tomadas. Roupa e comida, por exemplo, são garantidas pelo governo da China. Além disso, a educação básica é garantida e pública.
“A moradia também é garantida. Mas também tem a luz e a água potável em casa. É incrível o trabalho de base que foi feito para se conectar em lugares muito remotos. Porque você tem que ganhar a confiança das pessoas de novo”, afirma.
Além disso, o estudo mostra que a erradicação da pobreza é resultado de um processo histórico que teve início com a Revolução Chinesa, em 1949. Durante o período, 850 milhões de chineses foram retirados da linha da pobreza. Isso significa que 70% da redução total da pobreza no planeta aconteceu na China.
Segundo Chank, o governo buscou cinco grandes projetos para resolver a situação. Um deles foi criar projetos produtivos agrícolas e agroecológicos. Outra, foi fazer uma iniciativa de reflorestamento. “Nos últimos 20 anos, 25% das novas florestas do mundo foram criadas na China”, afirma.
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Outros exemplos de iniciativas foram o investimento na educação, na alfabetização da população e na assistência social. “Muita gente não pode trabalhar. Tem muito idoso, pessoas com problemas de saúde”, relata.
Além disso, a pesquisadora também afirma que foi preciso realocar muitas pessoas que moravam em locais com perigos de desastres naturais ou em regiões muito remotas em que o governo não conseguia chegar.
“Tem organizações de base do partido que ensinam idosos a atravessar a rua. Alguns deles nunca tinham visto nem um semáforo na vida. Essas organizações ensinam como ir ao mercado, como comprar alguma coisa pelo celular, como usar o elevador… esse é o nível de cuidado e organização que tem que ser feito para conseguir essa grande meta. A gente ficou emocionado vendo o nível de detalhe”, afirma.
Edição: Rebeca Cavalcante