caos sanitário

Brasil tem mais 1.333 mortos pela covid e ultrapassa a marca de 551 mil vidas perdidas

Última semana teve 20% de aumento nas mortes registradas no mundo; OMS culpa variante e abandono de medidas preventivas

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Taxa de mortalidade por covid no Brasil é 4,4 vezes superior à média mundial - Michael Dantas/AFP

São Paulo – O Brasil registrou nesta terça-feira (27) mais 1.333 mortos pela covid-19 nas últimas 24 horas. Com isso, o país soma 551.835 vítimas do vírus desde o início da pandemia, em março de 2020. Trata-se do segundo país com maior número absoluto de registros, atrás apenas dos Estados Unidos. A taxa de mortalidade no Brasil é 4,4 vezes superior à média mundial. Contudo, o país segue em tendência de recuo nos indicadores.

A covid-19 se comporta em ondas de contágio. O avanço da vacinação, aliado a um momento de recuo da cepa dominante no país (gamma), reduziram momentaneamente casos e mortes. Com média móvel diária de vítimas, calculada em sete dias, em 1.094, trata-se do momento de menor letalidade desde o dia 23 de fevereiro. Entretanto, especialistas alertam que a pandemia não acabou e sequer se aproxima disso.

Ao contrário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou na última semana que o mundo se preparava para entrar em uma nova onda de casos e mortes. Hoje, a entidade confirmou a previsão. Na última semana epidemiológica, o mundo registrou a maior porcentagem de alta nas mortes desde abril de 2020, no início da pandemia. Morreram 69.132 pessoas na semana que se encerrou em 19 de julho. No período anterior, foram 57.245, aumento de 20%.

Descaso 

A entidade aponta algumas razões para a nova explosão de casos e mortes pela covid-19 no mundo. Entre elas, o abandono de medidas de isolamento social e proteção coletiva e individual, como uso de máscaras. Soma-se a isso a disseminação da variante delta, identificada pela primeira vez na Índia. A mutação do coronavírus é até 70% mais contagiosa e mais resistente às vacinas, especialmente em relação às primeiras doses.

A variante delta surge em um contexto de grandes aglomerações e más condições de controle sanitário. Embora a livre circulação do vírus seja fator de risco, por outro lado o esquema vacinal completo (com duas doses) segue se mostrando eficaz. O caso da Europa ilustra o acerto da tese: apesar de registrar um recente aumento exponencial de casos relacionados à variante delta, as mortes no mesmo período mostraram queda.

Variante Delta

A nova aceleração da pandemia registrada pelo planeta tem o Sudeste Asiático como grande protagonista, com aumento de 30% nas mortes. Na região, o processo de vacinação é dos mais lentos do mundo, e os países agora retomam medidas intensas de isolamento social. No Japão, que sedia os Jogos Olímpicos, ontem foi o dia com maior número de casos desde o início do ano, passando de 5 mil registros. No país, 25,51% dos habitantes estão imunizados com duas doses e 36,85% receberam a primeira etapa da imunização.

Caso Brasil 

A variante delta já circula no Brasil. Entretanto, ainda não de forma dominante, algo esperado a partir das próximas semanas. O grande número de brasileiros ainda não vacinados preocupa especialistas. Até o momento, apenas 18,91% da população estão imunizados com as duas doses de um dos imunizantes disponíveis no país. Também preocupa o grande número de pessoas que não retornaram para a segunda dose. De acordo com boletim epidemiológico de hoje do Ministério da Saúde, 3,8 milhões de brasileiros não completaram a imunização. A falha pode favorecer a expansão do contágio.

“A variante delta está se espalhando rapidamente por todos os continentes e já chegou a todos os países”, relata a OMS. “A cepa será dominante globalmente e continuará a se espalhar nos próximos meses, a não ser que surja um novo vírus mais competitivo”, completa a entidade. “Estamos longe do fim da pandemia. Apesar dos enormes esforços dos Estados para vacinar pessoas, outros milhões continuam não vacinados e, portanto, correm o risco de acabar no hospital”, afirmou o diretor da OMS na Europa, Hans Henri Kluge.