PL descontextualiza alimentação de crianças, que vai passar a incluir mais industrializados
Retirar prioridade de comunidades indígenas, quilombolas e de agricultores familiares na venda de alimentos para escolas públicas, seguindo projeto de lei aprovado em maio pela Câmara dos Deputados, pode impactar a alimentação das crianças e reduzir a circulação de renda dentro das comunidades. O PL 3.292/2020, que altera o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), está parado no Senado, sem previsão de ser colocado em pauta.
“O programa garante que as crianças consumam alimentos produzidos localmente, de acordo com os hábitos alimentares da comunidade e a diversidade do local”, disse Terena Castro, assessora técnica do Programa Cerrado e Caatinga do Instituto Sociedade, População e Natureza (INPN), em entrevista à edição de hoje (23) do Programa Bem Viver. “Além disso, quando o governo compra dessas comunidades garante uma fonte de renda para as famílias, que vai ser investida na economia local, garantindo desenvolvimento para a região.”
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O PNAE define a obrigatoriedade de o governo federal garantir alimentação para estudantes de instituições públicas de ensino. Em 2009, foi incluído um artigo no PNAE para garantir que 30% do valor repassado ao programa deve ser investido na compra direta de produtos da agricultura familiar e de comunidades tradicionais. O PL aprovado na Câmara altera justamente essa conquista dos movimentos populares do campo.
Outro risco das alterações é garantir fatias de mercado para grandes empresas, como ressalta Terena. “Garantir mercado para produtos específicos favorece quem os produz. Está em discussão, por exemplo, a obrigatoriedade da compra de leite, que dá margem para que a indústria leiteira tenha maior entrada no programa. Os pequenos produtores são caracterizados pela produção diversa e não pela produção de um produto em específico”, afirmou.
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Segundo ela, movimentos populares estão se articulando para barrar os retrocessos previstos no PL, no Senado. “Aprovar o PL descontextualiza a alimentação das crianças. Ela vai passar a incluir industrializados, não produzidos pela comunidade. Há o risco de aumentar problemas de saúde, como obesidade e diabetes. Além disso há um impacto econômico, porque famílias deixam de ter fonte de renda, ficam descapitalizados e não conseguem fazer rodar a economia local.”
Olimpíadas
O Brasil conta com 306 atletas nas Olimpíadas de Tóquio, que começaram hoje (23). Eles vão disputar 34 das 46 modalidades oficiais, inclusive em algumas estreias, como surf, skate, escalada e karatê. O país chega ao Japão com boas chances de medalha em diversas modalidades.
Apesar do início oficial ser hoje, as competições de algumas modalidades já começaram, inclusive com participação e vitória brasileira. As seleções masculinas e femininas de futebol já estrearam nos jogos. As mulheres venceram a China por 5 a 0, na quarta-feira, e os homens bateram a Alemanha por 4 a 2, ontem.
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Porém, independentemente dos resultados e dos recordes que serão quebrados, outro assunto domina os Jogos: a pandemia de coronavírus. Em meio a crise sanitária mundial, é essencial acompanhar se um novo surto de casos pode ocorrer por conta das competições e refletir sobre o que foi posto em risco com a realização de um evento global neste momento.
Vale ficar atento também às manifestações políticas endossadas por atletas. Até alguns anos atrás era proibido qualquer ato dessa natureza vindo dos competidores. Mas hoje, Hoje, o Comitê Olímpico Internacional vê de outra formas estes posicionamentos.
Um deles, que entrou para a História, foi nas Olimpíadas no México de 1968: os atletas estadunidenses Tommie Smith e John Carlos, ao subirem no pódio para receber, respectivamente, a medalha de ouro e de bronze no atletismo, fizeram o tradicional manifesto dos Panteras Negras, movimento símbolo da luta anti-racista mundial. De punhos fechados, os dois atletas negros ergueram o braço para cima, em frente a toda plateia presente no estádio.
Na época, o Comitê Olímpico Internacional criticou arduamente a atitude e mandou os dois de volta para os Estados Unidos, cassando o passaporte deles.
Atos contra Bolsonaro
Os movimentos populares Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo organizam para amanhã (24) o quarto ato da campanha Fora Bolsonaro, em diversas regiões do país. Centenas de municípios estão com manifestações marcadas, cada um com um local e horário específico.
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Os atos ocorrem durante o recesso da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado, para demonstrar que movimentos populares estão comprometidos em não diminuir à pressão contra o governo de Bolsonaro.
Para participar necessário usar máscara e é recomendado, inclusive, levar algumas de reserva. O ideal é priorizar as com o selo PFF2. Caso não seja possível, a segunda opção são as máscaras cirúrgicas, conhecidas também como descartáveis. Uma combinação boa é usar ela e por cima de uma de tecido. Outra recomendação é manter o distanciamento e levar um frasco de álcool em gel.
Fundação Palmares
A Coalizão Negra por Direitos enviou uma denúncia para a Organização das Nações Unidas contra o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. A ação tem como base em acusações de crimes de violação dos direitos humanos.
Sérgio Camargo foi escolhido para o cargo em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro. Em março do ano passado, ele extinguiu sete colegiados da Fundação. Também retirou da lista de homenageados da entidade nomes como Benedita da Silva, Conceição Evaristo, Marielle Franco e o próprio Zumbi dos Palmares, personalidade que dá nome à instituição.
Espaguete de abobrinha
A cozinheira profissional Sayonara Salum ensina a preparar uma saudável receita de espaguete de abobrinha. É uma opção saborosa para substituir a massa tradicional, restrita em algumas dietas.
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No passo a passo, Sayonara descomplica o preparo da receita, dá alternativas de como cortar a abobrinha em formato de espaguete apenas com facas de cozinha e ainda dá dicas de acompanhamentos nutritivos de deliciosos para transformar o prato em uma refeição completa.
Festival Latinidade
No próximo domingo (25) é celebrado o Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha. A data foi estipulada para homenagear a liderança quilombola Teresa de Benguela, que viveu onde atualmente é o estado do Mato Grosso, durante o século 18.
Conhecida como Rainha Tereza, ela comandou uma comunidade de três mil pessoas. Uniu negros, brancos e indígenas para defender o território onde viviam, resistindo bravamente à escravidão por mais de 20 anos. Ela comandou a estrutura política, econômica e administrativa da comunidade.
Em homenagem a ela, ocorre já há alguns anos o Festival Latinidade. Assim como em 2020, a edição deste ano é online e gratuita. Na programação estão nomes de peso, como a cantora, compositora e violonista baiana Rosa Passos e a cantora e atriz Zezé Motta. Estão confirmadas também participações internacionais, como a cantora e compositora peruana Susana Baca, duas vezes ganhadora do Grammy Latino.
O evento vai até domingo. Acompanhe por aqui.
Sintonize
O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.
Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS) e Rádio Cantareira (SP).
A programação também fica disponível na Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas: Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.
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Edição: Sarah Fernandes